O cancro do pulmão está em quarto lugar em Portugal, sendo porém o que tem a mais elevada mortalidade, com taxas de sobrevivência baixas a cinco anos, mesmo nos países desenvolvidos - 16% em Portugal e 15% na União Europeia. A nível mundial, foi responsável em 2020 por 1.8 milhões de mortes, ou seja, 18% de todos os cancros. Nove em cada dez casos são provocados pelo consumo de tabaco - e a exposição passiva ao fumo é também um risco acrescido.
Embora se tenham registado progressos na redução dos hábitos tabágicos em Portugal, o tabagismo continua a ser um dos problemas de saúde pública mais importantes. O cancro do pulmão pode ser prevenido e controlado com estratégias de prevenção primária, rastreio e deteção precoce.
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Os objetivos fundamentais da prevenção são a redução do tabagismo na população, de preferência para evitar que se inicie o seu consumo, mas também que evitem os cigarros eletrónicos. Devido à crescente taxa de incidência de cancro do pulmão em mulheres jovens, as estratégias anti-tabaco devem visar urgentemente este grupo, para interromper o risco crescente e evitar mortes prematuras.
© Encarnação Teixeira
O aconselhamento sobre a cessação tabágica deve ser proposto a todas as pessoas. Apesar de o tabaco ser a principal causa de cancro do pulmão, existem outros fatores de risco, incluindo a poluição atmosférica, a exposição profissional, seja a substâncias radioativas ou a elevados níveis de radão, a predisposição genética e vários outros fatores individuais, como a existência de doença pulmonar obstrutiva crónica e a fibrose pulmonar.
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Mais de 70% dos casos de cancro do pulmão são diagnosticados em fases avançadas, por ausência de sinais e sintomas, o que justifica as elevadas taxas de mortalidade. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior sucesso terá o tratamento e a probabilidade de cura, sendo fundamental o reconhecimento dos sinais de alerta.
A mortalidade, a morbilidade e o sofrimento causado aos doentes e às famílias são fatores decisivos para a necessidade de rastreio e deteção precoce. Porém, o rastreio a nível nacional ainda não existe em Portugal.
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Precisamente por isso, com o objetivo da deteção precoce, da orientação terapêutica célere em caso de diagnóstico, assim como do aconselhamento para a cessação tabágica - e de orientação perante a deteção de outras doenças respiratórias relacionadas com o tabagismo, a CUF criou em 2021 um programa destinado a indivíduos com idade entre 50 e 80 anos, mas também a fumadores com carga tabágica superior a 20 cigarros, ex-fumadores há menos de 15 anos, pessoas com outros fatores de risco como exposição profissional, ou familiares diretos com cancro do pulmão.
Neste programa é efetuada uma TAC do tórax de baixa dose, que tem menos radiação que uma TAC normal, avaliada por radiologista experiente. No caso de nódulos pulmonares suspeitos ou de natureza indeterminada será efetuada a discussão por uma equipa multidisciplinar.
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Da nossa experiência, já foram detectados nódulos suspeitos de cancro do pulmão em algumas pessoas que participaram neste programa de deteção precoce. A adesão à consulta de cessação tabágica é um ponto fundamental do programa e é aqui que, por vezes, nos deparamos com um maior impasse: é comum ouvirmos "ainda não estou preparado", "vou pensar seriamente no assunto", ou "neste momento não tenho tempo". É importante deixar claro que a TAC de baixa dose não pode substituir a cessação tabágica.
A forma mais eficaz de redução da mortalidade do cancro do pulmão é a prevenção primária, incluindo estratégias para o controlo do tabagismo. Se precisar de apoio, procure o seu médico.
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