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Mais casos de violência no namoro por cá. Psicóloga alerta para sinais

A propósito do Dia dos Namorados, a psicóloga Teresa Feijão assina este artigo, em exclusivo para o Lifestyle ao Minuto.

Mais casos de violência no namoro por cá. Psicóloga alerta para sinais
Notícias ao Minuto

11:46 - 14/02/24 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Violência no namoro

A violência no namoro é cada vez mais um problema real e vai muito para além da agressão física. E, adicionalmente, agrava-se com o facto de os mais jovens, faixa etária mais afetada por este 'fenómeno', aceitarem muitas atitudes abusivas como normais e parte do seu quotidiano.

Violência no namoro e violência doméstica são fenómenos parecidos. A violência no namoro envolve características do agressor e atitudes do mesmo que podem ser perpetuadas no futuro, conduzindo e facilitando o mesmo tipo de padrão comportamental num casamento/união de facto, com a agravante de partilharem a mesma casa e de poderem haver filhos envolvidos. Ambos são considerados crimes públicos. 

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São sinais a existência e frequência das seguintes situações: 

  • Insultos, ameaças, humilhações, controlo (com quem o outro pode falar/contactar; proibições e imposições quanto à forma de vestir, maquilhagem, etcétera), manipulação, desprezo, diminuição do outro (violência psicológica);
  • Violência social: humilhações e ofensas em público; exposição não consentida (ou ameaças de) através das redes sociais;
  • Agressões físicas: murros, pontapés, bofetadas, etc.;(Violência física); 
  • Violência sexual: forçar carícias e atos sexuais, exposição de situações (fotos íntimas, vídeos íntimos) nas redes sociais;
  • Controlo: impor proibições quanto a relacionamentos interpessoais do outro, comunicação via telemóvel ou redes sociais, forma de vestir, o que faz, etcétera. 

Notícias ao Minuto © Teresa Feijão

A violência física pode existir, mas predomina a violência psicológica, social e sexual. E, assim sendo, caso se excluam os casos em que acontece publicamente, facilmente pode ser encoberta. Até a própria vítima muitas vezes as recebe como um sinal de amor ('ele faz isto porque gosta muito de mim e me quer proteger, tem ciúmes porque gosta de mim'). É muito difícil um jovem admitir que aquela pessoa de quem gosta e com quem namora lhe quer mal ou fazer mal.

Normalizar este tipo de situações sem as considerar como inaceitáveis tem vindo a ser um padrão crescente no namoro. Estes comportamentos e atitudes praticadas são atualmente consideradas crime público e sendo atos de violência nunca deverão ser aceites, muito menos assumidos como 'normais'. São situações que acabam por levar a baixa autoestima, tristeza, medo, angústia, ansiedade e a uma crescente autodesvalorização e dependência emocional. 

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A questão passa sempre por uma maior sensibilização social para estas situações e comportamentos associados. No que se refere às vítimas, saberem que há cada vez mais formas de se protegerem e entidades com quem podem contar e denunciar (como a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a Polícia Judiciária). Estarem atentas às tais 'red flags', estabelecerem limites desde o início e respeitarem-se e fazerem-se respeitar; procurarem apoio junto de um adulto de confiança para partilharem estas situações e/ou procurarem apoio psicológico para reforçarem a autoestima e coragem para denunciarem a violência e terminarem a relação. É crucial falar sobre este assunto socialmente, educar para a prevenção, informar os jovens sobre o quão graves poderão ser as consequências da permissão da evolução destes padrões comportamentais. E isto de modo a aumentar a consciência do quão errado é aceitar todos estes tipos de violência, definirem limites e prevenirem-se quanto a estas relações, terminarem as que começaram e/ou procurarem ajuda (com alguém confiável, um adulto que apoie e consciencialize) ou um apoio psicológico.

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Para ajudar, família e amigos deverão estar atentos às relações dos seus filhos/amigos; em casa, existir um reforço acerca do que é importante para uma relação afetiva saudável e prazerosa (e, de preferência, dar o exemplo), promover valores como o respeito, a liberdade individual e a definição de limites; estarem atentos a eventuais sinais/comportamentos como os acima descritos, caso haja evidências publicamente e, caso não seja possível, estarem atentos ao estado emocional e comportamental da vítima (tais como sinais de eventual tristeza, irritabilidade, medos, ansiedade, isolamento, baixa autoestima, insónias, dificuldades de aprendizagem e/ou desmotivação). Apelar à partilha e incentivar a denunciar ou tomar a iniciativa de denunciar perante certezas.

É necessária uma intervenção cada vez mais precoce, mesmo com crianças. As crianças devem ser educadas e preparadas também para o amor. Levá-las a perceber que não há nada perfeito, que em todos os relacionamentos há altos e baixos, mas transmitir-lhes pontos essenciais para relações equilibradas, saudáveis e mais duradouras.

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  • Uma relação vai muito além de algo apenas físico;
  • Amor significa respeito, carinho, consentimento e limites (nos mais pequenos, estes conceitos podem ser ensinados através do uso dos seus brinquedos, por exemplo);
  • Aquilo que os media nos transmitem não é (na maioria das vezes) uma caracterização real do amor. Há muitas histórias idealizadas nos filmes, livros e revistas, mas é possível adotar comportamentos básicos para uma relação feliz e estável;
  • Acima de tudo, educar pelo exemplo.

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Serviços telefónicos de apoio em Portugal

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (entre as oito e as 22 horas em dias utéis) - 116 006 (número gratuito) - 213 587 900

Linha Telefónica de Informação às Vítimas de Violência Doméstica (24 horas por dia, sete dias por semana) - 800 202 148 (número gratuito)

Aconselhamento psicológico no SNS 24 (24 horas por dia, sete dias por semana) -  808 242 424 (número gratuito)

SOS Voz Amiga (entre as 16 horas e as meia-noite) -  213 544 545 (número gratuito) - 912 802 669 - 963 524 660

Conversa Amiga (entre as 15 e as 22 horas) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20 horas e a uma da madrugada) - 239 484 020 - 915246060 - 969554545

Telefone da Esperança (entre as 20 e as 23 horas) - 222 080 707

Todos estes contatos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24), o contacto é assumido por profissionais de saúde. Deve selecionar a opção 4 para o aconselhamento psicológico. O serviço está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. 

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