Dados do Instituto Nacional de Doenças Infeciosas do Japão mostram um aumento galopante do número de casos de uma infeção bacteriana grave. Nos dois primeiros meses de 2024, foram registados 378 casos de síndrome do choque tóxico estreptocócico, provocada pelas bactérias Streptococcus pyogenes do tipo A ou Strep A, que pode desenvolver-se na garganta, pele, órgãos genitais e ânus. As autoridades sanitárias do país já abriram uma investigação para apurar as causas, mas, para já, pouco se sabe.
Daniel Coutinho, infeciologista do Hospital Lusíadas Porto desdramatiza os números. Certo é que que representam um aumento significativo face a 2023, ano em que se registou um total de 941 infeções. "Ao contrário da Covid-19 e da tuberculose, a doença não se transmite pelo ar, logo é improvável que as infecções aumentem rapidamente", assegurou ao Lifestyle ao Minuto. Ainda assim, sublinha a necessidade de manter "uma elevada vigilância epidemiológica" e de adotar medidas básicas de prevenção de infeções. A lavagem regular das mãos, seguir as regras de etiqueta respiratória, evitar a partilha de objetos pessoais e alimentos são alguns dos comportamentos recomendados à população.
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"Ocasionalmente, pode recomendar-se o uso de máscara para proteção individual", acrescenta Alexia Toller, ginecologista-obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa. Refere também que "os contatos próximos dos doentes infetados podem ter indicação para profilaxia antibiótica".
O infeciologista Daniel Coutinho explica que "a grande maioria das infeções causadas por esta bactéria são pouco graves e de curta duração, sendo uma das principais causas de faringite bacteriana e de infecções da pele e tecidos moles". Contudo, "numa pequena percentagem, podem ter uma apresentação clínica mais grave, com bacteremia, pneumonia e síndrome do choque tóxico".
© Daniel Coutinho, infeciologista do Hospital Lusíadas Porto, e Alexa Toller, ginecologista-obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa
A infeção "pode ser assintomática ou causar apenas sintomas leves em alguns pacientes e ser fatal para outros indivíduos", diz a ginecologista Alexia Toller. A médica alerta: "Nos casos mais graves, pode provocar uma infeção dos tecidos moles necrotizante, ou seja, leva à necrose [deteorização] das extremidades - inferiores com mais frequência que superiores - principalmente em pacientes com diabetes e doença vascular periférica. A doença necrotizante é frequentemente aguda, com rápida progressão, daí ser conhecida por 'bactéria carnívora'."
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Numa fase inicial, os sintomas podem incluir febre, dor de garganta, mialgias, vómitos, diarreia e alterações cutâneas. Nos casos em que evolui para síndrome do choque tóxico estreptocócico, pode surgir hipotensão, falência multiorgânica e alterações do estado de consciência.
A transmissão ocorre, geralmente, através de gotículas expelidas por uma pessoa infetada ou pelo contacto direto com feridas e úlceras destes doentes. Os contatos próximos dos pacientes podem ter indicação para profilaxia antibiótica.
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