Um novo estudo, publicado este mês na revista Cell, sobre a relação entre o sono e o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, deixa um importante recado para as pessoas que tomam zolpidem, um medicamento de combate à insónia. Segundo investigadores das universidades de Rochester, nos Estados Unidos, e de Copenhaga, na Dinamarca, sugerem que esta substância psicotrópica impede os processos de eliminação de resíduos tóxicos do cérebro, um fator de risco para o desenvolvimento de demência.
"O estudo chama a atenção para os efeitos potencialmente prejudiciais de certos auxílios farmacológicos para dormir na saúde do cérebro, destacando a necessidade de preservar a arquitetura natural do sono para uma função cerebral ideal", afirma Maiken Nedergaard, principal autora do estudo e co-diretora do Centro de Neuromedicina Translacional da Universidade de Rochester, num comunicado de imprensa.
Dados do relatório anual do Conselho Internacional para o Controlo de Narcóticos, das Nações Unidas, revela que Portugal registou, em 2022, o segundo maior consumo do mundo de zolpidem, ficando só atrás do Uruguai.
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Recorde-se que Alzheimer é considerada uma demência, termo genérico utilizado para designar um conjunto de doenças que se caracterizam por alterações cognitivas que podem estar associadas a perda de memória, alterações da linguagem e desorientação no tempo ou no espaço. Para a maioria não existe tratamento. Porém, está provado que cerca de 40% das demências podem ser prevenidas ou atrasadas.
A Organização Mundial de Saúde estima que existam 47.5 milhões de pessoas com demência em todo o mundo, número que pode chegar os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050, para 135.5 milhões.
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