Dia Mundial do Ambiente. Comecemos por uma alimentação mais sustentável

Adotar uma alimentação mais sustentável, saudável e inteligente é uma das formas mais eficazes de cuidar da ‘saúde’ da Terra. Helena Real, nutricionista e secretária-geral da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, explica-nos como.

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Daniela Costa Teixeira
05/06/2017 08:15 ‧ 05/06/2017 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle

Dra. Helena Real

Zelar pela ‘saúde’ do ambiente é uma preocupação que deve ser diária, pessoal e prioritária. Da reciclagem ao menor uso do carro, da limpeza dos espaços comuns à escolha de alimentos orgânicos e cosméticos com uma reduzida pegada ecológica, são muitos os aspetos em que cada pessoa pode contribuir para um planeta mais saudável.

Naquele que é o Dia Mundial do Ambiente, o Lifestyle ao Minuto centra as atenções no papel que a alimentação diária tem no estado do ambiente e, claro, na saúde de quem lá habita.

A alimentação sustentável assume-se, assim, como um aspeto determinante e Helena Real, nutricionista e secretária-geral da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, ajuda-nos a perceber como aquilo que comemos tem um papel fundamental no estado do ambiente.

Ao termos uma alimentação mediterrânica estaremos a cuidar simultaneamente da nossa saúde e do nosso planetaDiz-me o que comes e dir-te-ei se cuidas ou não do planeta em que habitas

Por alimentação saudável entende-se aquela que é completa, equilibrada e variada. Para um português, explica a nutricionista Helena Real, uma alimentação saudável é aquela que segue “os princípios do nosso guia alimentar” (a Roda da Alimentação Mediterrânica), que inclui a ingestão de água ao longo do dia e que respeita a “sazonalidade dos alimentos”, promovendo um “diversidade” entre as opções de cada grupo alimentar (cereais e derivados, tubérculos; hortícolas; fruta; laticínios; carne, pescado e ovos; leguminosas; gorduras e óleos).

Mas para que uma alimentação seja saudável para a pessoa e também para o ambiente, há um aspeto a ter em conta: a sustentabilidade. Para a especialista, “uma alimentação sustentável é aquela que possa ser amiga do Planeta, contribuindo para a presentação dos recursos hídricos, energéticos e alimentares do mesmo” e que, por isso, deve assentar em nas seguintes práticas:

1. “Comprar alimentos a produtores. locais, sempre que possível”;

2. “Preferir alimentos frescos, locais e da época”;

3. “Ter uma alimentação mediterrânica”;

4. “Repensar, reduzir, reutilizar e reciclar”;

5. “Ajudar a promover uma alimentação saudável, através de um estímulo a uma governação mais eficaz”.

Ao Lifestyle ao Minuto, Helena Real defende que a “Dieta Mediterrânica implica uma dinâmica de produção sustentável, ao nível da agricultura, um baixo desperdício alimentar e um uso eficiente dos recursos energéticos e hídricos. Neste sentido, assume-se com uma das dietas mais sustentáveis e amigas do ambiente" E sim, "ao termos uma alimentação mediterrânica estaremos a cuidar simultaneamente da nossa saúde e do nosso planeta”.

Mas não é apenas o ambiente que fica a ganhar com este tipo de dieta. "Sabe-se que a adoção deste estilo de vida mediterrânico traz inúmeros benefícios para a saúde ao nível da prevenção de diversas doenças, como as cardiovasculares, a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes mellitus, o cancro, entre outras”.

 

Sustentabilidade à nascença

Adotar um estilo de vida saudável e sustentável – onde se inclui a alimentação, mas também um determinado travão no consumo e no desperdício, algo que Bea Johnson já nos ensinou a fazer – deve começar “muito cedo, mesmo antes da conceção”.

“É importante que se tenha um estilo de vida saudável, preferencialmente mediterrânico, durante toda a vida, até para se preparar uma eventual gravidez no caso das mulheres. Atualmente sabe-se que o estado nutricional em que a mulher se encontra no momento da gravidez e o estilo de vida que tem durante a mesma influencia o desenvolvimento da criança in útero e também a sua saúde futura, por exemplo. Por outro lado o estilo de vida e particularmente a alimentação que uma criança tem pode comprometer todo o seu desenvolvimento e saúde futura, podendo condicionar aquilo que ele será quando for adulto”, explica-nos a secretária-geral da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, salientando que “é fundamental o exemplo que os pais dão às crianças no dia-a-dia familiar, pois a mimetização que as crianças fazem dos pais tem também impacto ao nível alimentar”.

É importante pensarmos que ao longo de toda a vida a alimentação deve ser pobre em alimentos com elevada quantidade de açúcar, gordura e sal. Em paralelo é fundamental pensarmos também na saúde do Planeta e no impacto que a alimentação pode ter no mesmo e, por isso, mesmo é importante promovermos uma redução do desperdício alimentar nas nossas casas e em toda a cadeia de produção, transformação e distribuição, preferirmos alimentos frescos, locais e da época, sempre que possível adquirir alimentos provenientes de uma produção sustentável e consumirmos apenas as quantidades de alimentos de que precisarmos, ou seja, sermos frugais

Mas se o papel dos pais é determinante para despertar a consciência dos mais novos, a escola é também um espaço onde a sustentabilidade deve marcar presença, pois, de acordo com Helena Real “a escola será sempre um motor de ensino a todos os níveis e a alimentação não é exceção neste campo”.

“Muito se tem vindo a fazer no que respeita à disponibilidade de alimentos mais equilibrados nas escolas, ao nível das cantinas escolares e dos bares. Por outro lado tem também vindo a ser feito um reforço na inclusão de temáticas ligadas à alimentação no currículo escolar, destacando-se a informação relativa à Dieta Mediterrânica. Contudo, seria ótimo poder melhorar ainda mais este espectro, promovendo a presença constante de Nutricionistas nas escolas que pudessem fazer um maior acompanhamento de áreas que poderão estar a descoberto, como a monitorização regular do estado nutricional das crianças nas escolas, a abordagem mais aprofundada de temáticas ligadas à alimentação, como o ensino da leitura e interpretação do rótulo, ou a colaboração em aulas de culinária para maior entrosamento com os alimentos e gastronomia nacional”, destaca.

 

Portugal mais sustentável em cinco passos

Para que um país seja mais sustentável a todos os níveis é preciso, em primeiro lugar, que as pessoas também o seja e, assim sendo, Helena Real frisa que “antes de mais será importante procurar consciencializar a população e os próprios profissionais de saúde para o impacto que a alimentação pode ter no ambiente”.

“É importante que as pessoas tenham noção de que quando desperdiçam um alimento não estão apenas a aumentar a quantidade de lixo produzido e o impacto que o seu tratamento terá em termos ambientais. Estão também a rejeitar nutrientes importantes que poderiam ter sido consumidos, bem como a água que foi usada para os produzir ou o combustível usado para os transportar”, atira.

Para que Portugal seja mais sustentável e amigo do Planeta onde todos habitamos, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas criou um Programa sobre Sustentabilidade Alimentar para ser promovido durante o ano de 2017 e que, diz a nutricionista, assenta nos seguintes eixos:

1. “Comprar alimentos a produtores locais, sempre que possível”;

2. “Preferir alimentos frescos, locais e da época”;

3 “Ter uma alimentação mediterrânica”;

4. “Repensar, reduzir, reutilizar e reciclar”;

5. “Ajudar a promover uma alimentação saudável, através de um estímulo a uma governação mais eficaz”.

Uma vez que a sustentabilidade depende de gestos diários e da ação de cada um, fique a par de tudo o que pode fazer pela sua saúde e, claro, pela saúde do ambiente e como é fácil ter um estilo de vida mais sustentável.

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