"Não vamos desistir até haver alguma modificação verdadeira e nos darem mais dinheiro. Os polícias não têm agido bem nos últimos sábados e a violência chama a violência. Custa-me, mas digo já que não vamos resolver nada sem violência", disse Pascal, "colete amarelo" vindo da Normandia à agência Lusa esta manhã nos Campos Elísios.
Mesmo assim, o ambiente esta manhã é bastante diferente do cenário dos sábados passados na principal avenida parisiense. Tal como o Ministério do Interior tinha avisado, a estratégia da polícia mudou e desde controlos aleatórios na avenida à utilização de veículos blindados na rua, as forças da ordem estão a conseguir conter os manifestantes sem utilização de gás lacrimogéneo e apenas com alguns confrontos pontuais.
Quando chegou à avenida esta manhã, Jérôme, luso-descendente e colete amarelo vindo de Amiens, disse à Lusa que, com tantos controlos, sentia que lhe tinham tirado o direito de se manifestar.
"Viemos para mostrar que não desistimos. Mesmo com os controlos, não temos medo. Eles querem fazer-nos medo para não nos manifestarmos. É como se nos tirassem os direito de nos manifestarmos, isto não é uma manifestação", afirmou Jêrome, que já esteve em Paris há 15 dias para protestar contra o Governo, queixando-se que lhe apreenderam os óculos e a máscara com que contava proteger-se.
Com maior controlo no bairro dos Campos Elísios, Arco do Triunfo e Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente francês, durante o resto do dia é normal que os manifestantes circulem pela cidade com alguns ajuntamentos importantes na Praça da Bastilha e na zona de Porte Maillot, ponto de chegada a Paris.
"Acho que à tarde vai degenerar e, se não for aqui, vai ser noutro sítio qualquer. Vamos mudar de sítio, Paris é demasiado grande para a situação não se degenerar", concluiu Jêrome.
Sem organização formal e sem terem feito o pedido formal de manifestação, o protesto dos "coletes amarelos" em Paris é imprevisível.
Até agora, cerca de 350 pessoas foram identificadas e mais de uma centena de pessoas foram detidas. Os manifestantes continuam a forçar o contacto com a polícia, com os contingentes a manterem a máximo distância possível.
Todas as lojas e restaurantes dos Campos Elísios e das imediações estão fechados e, tal como nos fins de semana passados, os transportes em várias zonas da cidade estão afetados com estações metro e de comboios fechadas durante todo o dia.