"As operações estão em curso nos nossos locais de trabalho, com segurança reforçada", lê-se numa declaração da Anadarko, depois de um ataque ocorrido no domingo contra Maganja, um povoado saqueado a poucos quilómetros da zona de construção, em que morreu um residente e várias casas foram incendiadas.
"Continuaremos a manter as medidas de segurança adequadas, coordenadas com as autoridades e as entidades relevantes, para garantir a segurança e o bem-estar do nosso pessoal", acrescentou-se no comunicado da empresa.
"A segurança e o bem-estar do nosso pessoal constituem sempre prioridade máxima", reforçou a Anadarko, líder do consórcio que prevê anunciar este ano a decisão final de investimento na exploração de gás natural na Área 1, ao largo de Moçambique.
A empresa não entrou em detalhes sobre a informação relatada à Lusa de que alguma agitação popular, provocada pela proximidade de ataques armados, perturbou as operações no recinto de obras na segunda e terça-feira.
Na segunda-feira, o funeral da vítima do ataque terá motivado uma movimentação de comunidades em redor que queriam participar na cerimónia e que circulavam com armas brancas, como catanas, para sua proteção, disse à Lusa um residente na zona.
Este movimento, cruzando terrenos junto às obras e que nem todos os observadores terão associado ao funeral, inquietou alguns trabalhadores dos empreendimentos de gás, acrescentou.
O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação Sekelekani, uma organização da sociedade civil moçambicana, referiu num artigo publicado na terça-feira que "um largo número" de pessoas "não compareceu nos seus locais de trabalho ou abandonou-os ao longo do dia, receando pela sua segurança".
Na terça-feira, depois do ataque de domingo e de outros nas semanas anteriores, nos arredores de Palma, a população manifestou-se junto a alguns transportes de trabalhadores, afetando a circulação da vila para a zona de construção, acrescentou uma das fontes locais à Lusa.
De acordo com os mesmos residentes, os trabalhos voltaram hoje a decorrer com normalidade.
Os ataques armados no norte de Moçambique reacenderam-se em novembro.
Desde outubro de 2017, já terão morrido entre 100 a 150 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança.
A onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia) eclodiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes desde há dois anos.
Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural.