"Eu. como embaixador extraordinário e plenipotenciário da Rússia, aqui em São Tomé e Príncipe, asseguro que isso é mentira completa. Nunca a Rússia branqueou capitais através de São Tomé e Príncipe, dos bancos de São Tomé e Príncipe", disse Vladimir Taravov, quando interpelado pelos jornalistas, no final de um encontro com o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova.
Em causa estão declarações feitas pelo comentador da SIC José Milhazes durante o espaço de comentário Guerra Fria, no dia 04 de fevereiro, em que afirmou que "de forma muito discreta São Tomé e Príncipe está a se transformar num lugar de branqueamento/lavagem de dinheiro russo".
José Milhazes referiu-se a informações publicadas no Telegram por páginas russas que considerou "bastante bem informadas".
O comentador referiu que os bancos russos VTB e GazpromBank estão a utilizar dois bancos em São Tomé - o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP) e o Banco Equador -, comprando ações, através de pessoas de confiança e de altos executivos, "para escapar às sanções" europeias à Rússia "permitindo ocultar a presença real de bancos russos em São Tomé".
"Eu posso dizer que isso é mesmo informação falsa, verdadeiramente falsa, tal chamado fake news", reagiu hoje o embaixador russo, alegando que José Milhazes "inventou essa história" por vingança e ciúmes.
Após a divulgação da informação na SIC, o Governo são-tomense, através do ministro de Estado, Economia e Finanças, Gareth Guadalupe afastou indícios de lavagem de dinheiro russo através de bancos do arquipélago, e pediu ao Ministério Público e Polícia Judiciária de São Tomé e Portugal que investiguem o caso.
Gareth Guadalupe referiu que São Tomé e Príncipe tem em vigor a lei contra o branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, "que ainda continua atualizada para aquilo que são estes tipos de ações hoje em dia".
"Nós vamos fazer os nossos trabalhos de casa e esperemos que essa informação seja mais rapidamente esclarecida porque nós queremos continuar a manter a nossa reputação como um país de estabilidade financeira, como um país de integridade, como um país de transparência ou nível do sistema financeiro", sublinhou Gareth Guadalupe.
O Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP) também refutou, "de forma veemente e categórica, as alegações infundadas" feitas pelo comentador português que sugerem que está envolvido "em esquemas financeiros de lavagem de dinheiro" de entidades russas.
"Não há qualquer registo de aquisição de participação acionista no BISTP por entidades russas, seja diretamente ou por meio de terceiros, nem qualquer indício de operações financeiras que visem a evasão às sanções internacionais", refere o BISTP em comunicado divulgado no Facebook.
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