Congelamento da ajuda externa dos EUA é "um risco e oportunidade perdida"

O presidente da Rede Global para a Prosperidade de África e dirigente do instituto norte-americano Brookings considera o congelamento da ajuda externa dos Estados Unidos a África "um risco e uma oportunidade perdida".

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© LUIS TATO/AFP via Getty Images

Lusa
21/02/2025 16:39 ‧ ontem por Lusa

Mundo

USAID

"O congelamento dos programas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) vai ter consequências abrangentes para os africanos, para os americanos, e para as relações entre África e os EUA", escreve o analista e professor universitário Landry Signé.

 

O dirigente do instituto norte-americano lembra os 6,5 mil milhões de dólares, quase 6,2 mil milhões de euros, em ajuda humanitária norte-americana direcionada para África e as 25 milhões de vidas que foram salvas pelos programas da USAID a nível global, mas principalmente em África.

"As iniciativas da USAID garantiram uma maneira de os EUA trabalharem com África para moldar o futuro, ao mesmo tempo que promovem os ideias norte-americanos da democracia e da liberdade. Congelar estas iniciativas representa quer um risco, quer uma oportunidade perdida", sentenciou o académico.

Os programas de saúde representam cerca de 70% das alocações de ajuda do Departamento de Estado e da assistência gerida pela USAID, seguidos das áreas de desenvolvimento agrícola, paz e segurança, educação e serviços sociais.

A ajuda chega também a programas que possibilitaram investimentos de 86 mil milhões de dólares, quase 82 mil milhões de euros, por parte do setor privado, e do fornecimento de acesso a eletricidade para cerca de 180 milhões de pessoas na África subsaariana, acrescenta Landry Signé.

Inserido num relatório especial do Instituto Brookings, onde vários analistas e académicos debatem os efeitos do congelamento da ajuda externa norte-americana, Landry Signé argumenta que "a prosperidade africana está ligada à prosperidade norte-americana".

Isto, sustenta, não só através do "financiamento do combate às causas do terrorismo", mas também no que diz respeito aos riscos de saúde e ao "risco de os EUA perderem a competição geopolítica por África para países como a China, a Rússia e os estados do Golfo, que continuam a aprofundar as ligações ao continente através de parcerias económicas, militares e de acesso a minerais críticos".

No argumentário contra a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender a ajuda, Landry Signé aponta ainda a perda de influência na conceção do futuro, lembrando que "em 2050, uma em cada quatro pessoas e um em cada três jovens serão africanos, e estarão na linha da frente da resolução dos desafios globais, liderando as inovações".

No final de janeiro, Trump deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da USAID, uma organização da qual também ordenou o despedimento da maioria dos seus funcionários em todo o mundo.

A decisão provocou o pânico entre organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contratos dos EUA para continuar a funcionar.

No entanto, a 13 de fevereiro, um juiz federal bloqueou temporariamente a ordem de Trump, de congelar a ajuda externa dos EUA, enquanto outro tribunal suspendeu o desmantelamento da USAID.

De acordo com a ONU, os Estados Unidos são, de longe, o maior fornecedor de ajuda externa, com quase 68,9 mil milhões de euros investidos até 2023, representando 40% da ajuda humanitária global.

Leia Também: China e Coreia do Sul dão milhões ao Africa CDC para compensar corte dos EUA

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