O conselheiro principal de segurança dos Estados Unidos deixou-se fotografar com o seu bloco de notas bem visível.
John Bolton, o experiente conselheiro de Trump em matéria de segurança, marcou esta segunda-feira presença em Washington para uma conferência de imprensa com a crise na Venezuela em plano de fundo.
Os repórteres de imagem presentes captaram o bloco de notas amarelo que Bolton levava consigo e onde constavam duas frases apenas, uma relativa a negociações no Afeganistão, a outra - e que está a gerar debate - que parece sugerir o envio de cinco mil militares norte-americanos para a Colômbia, país vizinho da Venezuela, que também já declarou apoio ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guiadó.
Saliente-se que os EUA têm aumentado as sanções à Venezuela de Nicolás Maduro. Enquanto na União Europeia se pressiona para eleições livres, Rússia, Turquia, Cuba e China estão com o regime de Maduro ao passo que EUA, Brasil e vários outros países latino-americanos - entre eles a Colômbia - declararam desde cedo apoio ao presidente interino.
Donald Trump já tinha mencionado que "todas as hipóteses estão em cima da mesa", relativamente ao que os EUA ponderavam fazer em relação à Venezuela. O que quer dizer que a possibilidade de uma intervenção militar não estava colocada de parte.
Com este episódio, Bolton parece ter sido fotografado a exibir informação confidencial.
Eis o que se lê na imagem que pode ver abaixo: “Afghanistan -> Welcome the Talks,” (Afeganistão - conversas bem-vindas, uma aparente referência a negociações de paz com os talibãs). E "5,000 troops to Colombia" (cinco mil tropas para a Colômbia).
Intencional ou não, bloco de notas de John Bolton está a gerar debate© Reuters
Segundo o Washington Post, ninguém no Pentágono recebeu ordens para a preparação de tropas para a Colômbia.
Embora a administração de Trump tenha contado com alguns momentos marcantes em conferências de imprensa, há quem estranhe John Bolton ter sido tão notoriamente descuidado com o que aparenta ser informação confidencial.
Não é claro se Bolton pondera de facto a hipótese de enviar tropas para a Colômbia, vizinha da Venezuela. Da mesma forma, também não ficou claro se Bolton foi descuidado ou queria parecer descuidado com o que anotara no seu bloco de notas.
Já após a conferência de imprensa, e numa altura em que as imagens do bloco de notas já circulavam nos media e redes sociais, Bolton recorreu ao Twitter para falar de Maduro, para dizer que os EUA continuavam ativamente a cortar as ligações do regime de Maduro às fontes de receita, ao mesmo tempo que davam apoio a Juan Guaidó.
We continue to pursue all paths to disconnect the illegitimate Maduro regime from its sources of revenue and ensure that interim President Guaido and the Venezuelan people have the resources and support they need to bring democracy back to Venezuela.
— John Bolton (@AmbJohnBolton) January 29, 2019