Os investigadores conseguiram captar, pela primeira vez, imagens do coração de um bebé enquanto este ainda se encontrava dentro do útero da mãe. Foram feitos scanners a várias mulheres grávidas com recurso a máquinas de ressonância magnética e poderosos computadores construíram modelos 3D dos batimentos cardíacos minúsculos dentro dos seus filhos ainda por nascer.
A equipa do King's College em Londres, juntamente com uma equipa do hospital Guy's e St. Thomas, referem que este feito irá melhorar o cuidado prestado a bebés com doenças congénitas cardíacas, pois esta abordagem pode ser facilmente adotada em hospitais.
Como funciona?
São tiradas várias fotografias 2D do coração a partir de diferentes ângulos através de uma máquina de ressonância magnética. Mas o coração de um feto é minúsculo e bate muito depressa, além de que o bebé mexe-se dentro do útero, por isso as imagens do coração ficam um pouco desfocadas. Então é através da segunda parte que tudo fica mais claro.
Com recurso a um software de computador sofisticado, as imagens são todas juntas e ajustadas, sendo depois construída a imagem do coração em 3D. Dessa forma o médico consegue logo perceber qual o problema do pequeno coração.
Um dos médicos que faz parte da equipa é o prof. Reza Razavi, um cardiologista pediátrico que quis melhorar o diagnóstico dos defeitos cardíacos à nascença depois de a sua filha ter nascido com um. "Pensámos que a íamos perder, foi um forte motivador... devíamos conseguir saber qual era o problema ainda quando estão no útero", disse à BBC.
O professor descreve as imagens em 3D como "lindas" e assegura que os médicos conseguem assim ver claramente o problema e melhorar os cuidados. "Conseguimos ter certeza absoluta do que se passa e planear antecipadamente que tratamento será necessário ou que operação será preciso fazer", explicou, acrescentando que para os bebés também é melhor porque "a operação certa, no tempo certo, tem melhores resultados".
O estudo foi publicado na revista Lancet e mostra imagens 3D feitas de 85 mulheres grávidas, mas foi agora testado em mais de 200 pacientes. "A nossa esperança nesta abordagem é que se torne uma prática comum", referiu David Lloyd, um dos membros da equipa de King's College.