Monica perdoou o irmão que lhe matou o marido e os seis filhos

Apesar de não esquecer, Monica admite que perdoar o irmão foi importante para retomar a sua vida.

Notícia

© Reprodução Andy Commins/Daily Mirror

Andrea Pinto
10/04/2019 10:40 ‧ 10/04/2019 por Andrea Pinto

Mundo

Ruanda

Vinte cinco anos depois, Monica Kambbi tem ainda bem presente na sua memória a imagem dos seis filhos a chorar, momentos antes de serem mortos.

As crianças foram vítimas do genocídio perpetrado no ano de 1994 no Ruanda, sendo vítimas de um ataque com tacos com pregos. 

Além da imagem de sofrimento dos filhos, algo que Monica não esquece é o facto de dois dos homens responsáveis pela sua morte serem, na verdade, seus irmãos.

Recorde-se que o genocídio do Ruanda resultou de um conflito entre os dois maiores grupos étnicos do país: a maioria Hutu e o grupo minoritário Tutsi. 

Monica e os seus irmãos pertenciam ao grupo Hutu, mas o seu marido - que também foi morto - e os seus filhos pertenciam ao grupo rival.

Após os crimes cometidos entre abril e junho desse ano, os dois homens, que ainda estão vivos, foram presos. Um deles continua detido, enquanto Paul foi libertado dez anos depois e vive hoje na mesma aldeia que a sua família.

Embora 25 anos pareça pouco para esquecer e perdoar o que aconteceu, Monica afirma hoje que conseguiu perdoar o irmão. E diz mesmo: "Eu amo o meu irmão, e ele é meu amigo".

Monica recorda o dia em que o irmão apareceu junto a ela, de cabeça baixa, e lhe estendeu a mão pedindo-lhe perdão. A mulher não esquece o que se passou mas perdoou.

"Nunca pensei que conseguisse voltar a falar com ele. Quando olho para os seus olhos consigo ver tudo o que se passou. Mas tinha de o fazer. Preciso sarar. Eu não esqueço, mas perdoei-o", conta, citada pelo Mirror.

Já Paul sente vergonha pelos seus atos e admite que o que o moveu foi o medo. O homem refere que não havia nada que o fizesse odiar os Tutsi, mas que as visitas dos oficiais, porta a porta, dizendo-lhes que se não os matassem seriam mortos, levou-o a agir em sua defesa.

"Eu amava aquelas crianças. Mas naquele momento eu não sentia nada por eles. No momento seguinte senti-me envergonhado, eles era meus sobrinhos", recorda.

Após a morte da família, Monica acabou por procurar ajuda junto do álcool. A reconciliação com o irmão permitiu-lhe deixar o vício e começar uma nova vida do zero.

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