De acordo com a acusação, que anteriormente estava sob sigilo, o australiano é acusado por Washington -- enfrentando outras acusações de outros países - de ajudar a ex-analista de informação norte-americana Chelsea Manning a obter uma senha para aceder a milhares de documentos secretos da Defesa e, em seguida, revelar ao público.
"Julian P. Assange, 47, fundador da Wikileaks, foi preso no Reino Unido hoje de acordo com o acordo de extradição entre os Estados Unidos e o Reino Unido, devido ao seu envolvimento numa acusação federal de conspiração para se infiltrar em computadores, ao concordar em descodificar uma senha de um computador do Governo com informações confidenciais", disse o Departamento de Justiça num comunicado.
Assange incorre numa pena máxima de cinco anos de prisão, de acordo com a sua acusação nos Estados Unidos.
A nota detalha que, em março de 2010, este especialista em computação de origem australiana coordenou com o ex-soldado Chelsea Manning - que na época trabalhava como analista de informação do Departamento de Defesa dos EUA sob o nome de Bradley Manning - para aceder a material classificado do Governo.
Manning deu acesso ao WikiLeaks em 2010 a mais de 700.000 documentos classificados como secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão e outros assuntos do Departamento de Estado, o que foi um revés para a diplomacia dos Estados Unidos e alimentou um debate sobre o papel de Washington no mundo.
A acusação revelada hoje implica que Washington considera que Assange não era um mero destinatário desses documentos, mas colaborou ativamente com Manning para obter acesso a aqueles.
"Manning, que tinha acesso a computadores devido às suas obrigações como analista de informação, estava a usar o equipamento para copiar relatórios confidenciais e transferi-los para o Wikileaks", disse o comunicado.
A justiça norte-americana considera que a descodificação da senha "teria permitido que Manning se conectasse aos computadores com um usuário estrangeiro", o que "teria tornado mais difícil" para os pesquisadores identificarem a origem das fugas de documentos.
O fundador do portal WikiLeaks foi hoje detido em Londres com base em duas acusações: uma por quebra das medidas de coação que levou a um mandado de detenção em 2012 por um tribunal londrino, e a segunda na sequência de um mandado de extradição dos Estados Unidos.
O fundador do portal Wikileaks foi detido esta manhã no interior da embaixada do Equador na capital britânica, onde se encontrava há cerca de sete anos, depois de o Equador ter retirado o direito de asilo ao australiano de 47 anos.
Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica para evitar a extradição para a Suécia por supostos crimes sexuais.
O processo na Suécia entretanto prescreveu, mas Assange continua sujeito a um mandado de detenção e uma acusação de ter desrespeitado as medidas de coação.
O fundador do WikiLeaks recusou entregar-se às autoridades britânicas por recear ser extraditado para os EUA, onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com ações militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.
Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, facto que embaraçou Washington.