Sociais-democratas da Finlândia procuram aliados para afastar populistas
A vitória por escassa margem dos sociais-democratas nas legislativas de domingo na Finlândia, com apenas 0,2% de vantagem sobre os nacionalistas populistas, abre caminho a uma coligação esquerda-direita para manter os Verdadeiros Finlandeses afastados do poder.
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Vinte anos depois da última vitória numas legislativas, o Partido Social-Democrata (SDP), de Antti Rinne, venceu as eleições de domingo com 17,7% dos votos, elegendo 40 dos 200 deputados ao parlamento finlandês.
O SDP não só ficou aquém dos cerca de 20% que as sondagens previam, como obteve apenas mais 0,2% que o partido nacionalista e populista Verdadeiros Finlandeses, que obteve 17,5% dos votos e elegeu 39 deputados.
"O maior 'thriller' eleitoral de todos os tempos", escreve hoje o jornal Ilta-Sanomat, resultado de "uma corrida apertada" entre os dois partidos na campanha, adianta o Helsingin Sanomat.
Para muitos analistas, a resposta deverá passar por negociações entre os sociais-democratas e os conservadores do Partido da Coligação Nacional (38 deputados), os Verdes (20), a Aliança de Esquerda (16) e os liberais do Partido Popular Sueco da Finlândia (9).
"Tudo o que sabemos é que as negociações vão ser muito difíceis. A coligação dirigida por Rinne deve manter os Verdadeiros Finlandeses afastados", resume a comentadora política Sini Korpinen, citada pela AFP.
Antti Rinne "foi muito claro sobre a existência de enormes diferenças ideológicas entre os sociais-democratas e os Verdadeiros Finlandeses", explicou a jornalista Jeanette Björkgvist na televisão pública Yle para frisar que considera "impensável" a participação dos nacionalistas no governo.
Mas uma coligação com todos os outros, advertiu, pode levar o país a uma situação como a que se verificou entre 2011 e 2014, em que o primeiro-ministro conservador Jyrki Katainen acabou afastado ao fim de dois anos pela paralisia do executivo que liderava, uma coligação heteróclita de seis partidos.
Especialmente difícil, considerou, será negociar com o Partido do Centro, do primeiro-ministro cessante Juha Sipila, grande perdedor do escrutínio, com 13,8%, depois de uma campanha marcada por fortes críticas de Rinne às medidas de austeridade de Sipila.
"Não me parece que o Partido do Centro faça parte do governo", disse Björkgvist.
Já os Verdadeiros Finlandeses admitem entrar numa coligação, afirmou o líder, Jussi Halla-aho, embora sublinhando que não o farão "a qualquer preço".
Halla-aho, representante da ala mais radical e xenófoba do partido eleito para a liderança em 2017, quer evitar uma repetição dos erros cometidos pelo partido quando integrou a coligação de governo em 2015, em que "foi flexível em questões negativas".
A sua eleição, e o consequente endurecimento da linha política do partido, acabaram por levar à expulsão dos Verdadeiros Finlandeses da coligação e a uma cisão interna, com cerca de metade dos deputados a formarem um novo partido, Reforma Azul.
"Não me parece que seja possível os Verdadeiros Finlandeses integrarem um governo que não se comprometa claramente na redução da imigração", disse Halla-aho ao Helsingin Sanomat.
A posição é oposta à assumida pelos sociais-democratas, que na campanha se comprometeram a facilitar o acolhimento e o reagrupamento familiar dos refugiados na Finlândia.
Antti Rinne considerou por seu lado "pouco provável" formar governo com os nacionalistas, mas no domingo não afastou categoricamente a possibilidade, afirmando apenas que tem "algumas perguntas" a colocar ao partido.
A direção do SPD anunciou hoje que durante esta semana vai preparar um questionário a enviar aos restantes partidos com representação parlamentar e nomear uma equipa negociadora.
O objetivo dos sociais-democratas é formar governo até ao fim de maio.
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