Um porta-voz da Agência Nacional de Segurança do Medicamento e dos Produtos de Saúde (ANSM) explicou hoje, citado pela agência Efe, que "o pedido francês" será analisado pelos seus homólogos europeus.
O responsável recordou que as autorizações dos medicamentos são feitas para toda a Europa, e não apenas para França, e que é a essa escala que é necessário fazer-se uma reavaliação da relação risco-benefício do ibuprofeno e do cetoprofeno.
O ibuprofeno é o segundo antálgico (fármaco para aliviar a dor) mais usado em França, depois do paracetamol.
A ANSM, que em junho do ano passado tinha lançado uma investigação farmacológica encomendada aos seus centros de Tours e Marselha, emitiu na quinta-feira um conjunto de recomendações.
Em primeiro lugar, a agência recomendou privilegiar o paracetamol, em vez do ibuprofeno, e do cetoprofeno em caso de dor ou febre, sobretudo em casos de infeção como anginas, rinofaringites, otites, tosse, infeção pulmonar, assim como lesões cutâneas ou varicela.
A entidade também indicou algumas regras para a boa utilização dos anti-inflamatórios, nomeadamente usar "a dose mínima eficaz, durante o menor tempo" possível, interrompendo o tratamento assim que os sintomas desapareçam e não prolongando o tratamento por mais de três dias em caso de febre, nem mais de cinco dias em caso de dor.
As recomendações decorrem do estudo que tinha sido encomendado em junho de 2018 aos centros regionais da ANSM de Tours e Marsella, que concluiu que há uma série de infeções que poderiam ser agravadas com a toma destes medicamentos.
Essas complicações foram observadas após períodos muito curtos de tratamento (dois a três dias) quando o ibuprofeno ou cetoprofeno tinham sido prescritos (ou utilizado em automedicação) para a febre, inflamações cutâneas benignas, problemas respiratórios ou do sistema otorrinolaringológico.
Os investigadores franceses analisaram 337 casos de complicações infecciosas graves com ibuprofeno e 49 com cetoprofeno e que estiveram na origem de hospitalizações, sequelas e até mesmo a morte.
Os casos foram estudados ao longo de um período prolongado com início no ano 2000.