Bangladesh: Pessoas linchadas após falsos rumores de sacrifícios humanos

Oito pessoas foram linchadas numa semana no Bangladesh devido a falsos rumores sobre sacrifícios humanos destinados a permitir a construção de uma grande ponte, anunciou hoje a polícia.

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© Reuters

Lusa
24/07/2019 12:00 ‧ 24/07/2019 por Lusa

Mundo

Bangladesh

Estes rumores, espalhados principalmente na rede social Facebook, afirmavam que sequestradores de crianças estavam à procura de cabeças humanas para entregar como oferenda para a realização de uma ponte gigantesca, atualmente em construção sobre o rio Padma, no Bangladesh, que é um afluente do rio Ganges, num valor de 2,7 mil milhões de euros.

"Analisámos cada uma dessas oito mortes. Nenhuma daquelas pessoas que foram mortas pela multidão de linchadores era um sequestrador", disse o chefe da polícia nacional, Javed Patwary, numa conferência de imprensa em Daca.

Mais de 30 outras pessoas foram atacadas em incidentes relacionados com esse boato.

As esquadras de polícia em todo o país, de 160 milhões de pessoas, receberam ordens para que sejam tomadas medidas contra estes rumores.

Pelo menos 25 contas no YouTube, 60 páginas do Facebook e 10 sites foram fechados.

No entanto, a agência de notícias francesa AFP identificou várias mensagens que continuavam a propagar os rumores no Facebook.

Linchamentos ocorrem regularmente no Bangladesh, mas esta nova vaga de violência é particularmente brutal.

Entre as vítimas está uma mãe solteira com dois filhos, Taslima Begum, que no sábado foi espancada até a morte em frente a uma escola em Daca, por um grupo que suspeitou que a mulher fosse uma sequestradora de crianças.

Uma pessoa surda também foi linchada no mesmo dia, nos arredores da capital, enquanto visitava a sua filha.

A polícia deteve oito suspeitos pela morte de Taslima Begum e as autoridades também prenderam pelo menos cinco pessoas que estavam a disseminar os rumores nas redes sociais.

No ano passado, na vizinha Índia, rumores de supostos sequestradores, circulando principalmente no serviço de mensagens WhatsApp, resultaram na morte de cerca de 30 pessoas em linchamentos.

O Bangladesh já havia testemunhado em 2010 a proliferação de rumores sobre sacrifícios humanos para uma outra ponte, segundo a imprensa local.

 

 

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