Segundo Sergey Lavrov, os venezuelanos devem ter a opção de resolver a questão política.
"Precisamos confiar nas leis internacionais e no apoio aos venezuelanos para que cheguem a uma solução para os seus problemas, sem interferência externa e sempre dentro da Constituição", disse.
Sergey Lavrov falava durante uma conferência de imprensa no Rio de Janeiro, Brasil, à margem de uma reunião de países dos BRICS (Brasil, Índia, China e África do Sul).
"Temos reafirmado a nossa posição de apoio ao processo em Oslo. Um processo iniciado com o apoio da Noruega, entre a oposição e o Governo de (Nicolás) Maduro, que agora continua em Barbados", disse, precisando que o processo está em marcha e que a Rússia apoiará "qualquer acordo" que surja.
Por outro lado, o ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Ernesto Araújo, pediu aos países que participaram no encontro que oiçam o grito do povo venezuelano pela liberdade.
"No processo de construção de uma região democrática e de economias abertas, na América Latina, não podemos deixar de ouvir o grito que pede liberdade. Esse grito chega da Venezuela, do povo venezuelano", disse.
Segundo o ministro "toda a comunidade internacional necessita ouvir esse grito, entendê-lo e atuar".
"O Brasil tem ouvido esse grito e peço a todos os senhores que também o façam. Na Venezuela há, de um lado, um governo constitucionalmente estabelecido e do outro um regime sustentado na força, que produz miséria e sofrimento no povo e que causou o êxodo de 4 milhões de venezuelanos", disse.
O ministro, disse estar na disposição de explicar a posição do Brasil aos outros membros dos BRICS e pediu que "oiçam a perspetiva" brasileira.
Além do Brasil e da Rússia, na reunião dos BRICS participaram também os ministros dos Negócios Estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, da China, Wang Yi e da África do Sul, Naledi Pandor.
No encontro foi ainda passada revista a vários temas internacionais, antecipando a XI cimeira dos BRICS, prevista para 13 e 14 de novembro, em Brasília.
O Governo venezuelano e a oposição retomaram, a 15 de julho, as conversações para se encontrar uma solução para a crise na Venezuela.
As conversações, sob a mediação do Governo da Noruega, decorrem em Barbados, onde ambas as delegações já se tinham reunido recentemente.
A delegação do Governo do Presidente Nicolás Maduro é liderada pelo governador do estado venezuelano de Miranda, Hector Rodríguez, e a da oposição pelo advogado e político venezuelano Stalin González.
A oposição, que conta com o apoio dos Estados Unidos, pretende afastar o Presidente Nicolás Maduro do poder, para formar um Governo de transição e convocar eleições livres no país.
A crise venezuelana agravou-se em janeiro, quando o presidente do parlamento (onde a oposição detém a maioria), Juan Guaidó, jurou assumir as funções de Presidente interino da Venezuela.