Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, confirmou em comunicado que a ordenação de Anthony Yao Shun, de 54 anos, pertence à diocese de Ulanqab, na região autónoma da Mongólia Interior, é a "primeira a ocorrer no âmbito do Acordo Interino entre a Santa Sé e a República Popular da China".
China e Vaticano romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo Governo chinês. Os católicos chineses dividiram-se então entre duas igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa, aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano.
Nos últimos anos, a maior divergência residia na nomeação dos bispos. O Vaticano insistia no seu direito de nomear os bispos, visando preservar a sucessão apostólica que remonta aos apóstolos de Jesus Cristo.
A China considerava a exigência do Vaticano uma violação da sua soberania.
O acordo, anunciado em outubro de 2018, deu ao papa o direito de escolher entre os candidatos apresentados pela igreja chinesa, que está sob controlo do Partido Comunista.
Na celebração do acordo, o Papa Francisco aceitou reconhecer a ordenação de sete bispos nomeados anteriormente sem consentimento papal pelo Governo chinês. No entanto, a questão dos bispos reconhecidos pelo Vaticano, mas não por Pequim, não foi resolvida, com dois bispos da igreja clandestina a serem obrigados a afastarem-se.
Segundo o jornal chinês Global Times, a igreja local enfrenta uma escassez de bispos, que se deverá agravar devido à avançada idade de muitos dos bispos.
Um terço das 98 dioceses do país não tem bispo, detalhou o jornal.
Apesar do acordo, as relações entre a Santa Sé e Pequim continuam voláteis. Em junho passado, o Vaticano pediu à China que não persiga os católicos que ainda optam por rezar em igrejas clandestinas.
O Vaticano é também o único Estado europeu que continua a reconhecer Taiwan como uma entidade política soberana, apesar da pressão de Pequim para reunificar a ilhar, se necessário através da força.