"Entre janeiro e setembro de 2019, vários grupos armados raptaram 183 civis nas províncias (Alto-Uéle e Baixo-Uéle), incluindo 34 crianças e jovens. Outros grupos armados não identificados sequestraram 11 civis, incluindo cinco crianças e jovens", afirmou hoje o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), que contabiliza pelo menos 194 sequestrados desde o início do ano.
Na área, distante dos conflitos em Kivu, "as tensões intercomunitárias entre a minoria étnica fula (Mbororo) e as populações indígenas intensificaram-se em 2019, levando à violência periódica contra civis em mercados, campos e noutras áreas da vida diária", escreveu o OCHA.
Sem responsabilizar a LRA (Exército da Resistência do Senhor, na sigla em inglês), uma rebelião ugandesa presente na RDCongo e na RCA, pelos ataques, a organização Invisible Children, citada pela OCHA, apela à comunidade internacional para que "reveja a sua atual abordagem não intervencionista" contra o grupo.
Os Mbororo são pastores fula de várias nacionalidades que se estabeleceram no nordeste da RDCongo desde 1989, em busca de terras férteis, de acordo com as autoridades congolesas.
As províncias do Kivu-Norte e do Kivu-Sul da RDCongo, ocupadas por dezenas de milícias, são palco frequente de raptos.
No primeiro semestre de 2018, foram registados 76 sequestros nessas duas províncias, segundo a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) e o Study Group on Congo (GEC) da New York University.