PR do Mali apela a país que "não morda a mão" estendida por França

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, emitiu hoje um apelo à população do país para "não morder a mão" a quem veio em sua ajuda, em particular a França, face à crescente hostilidade sobre a presença de forças estrangeiras no país em guerra.

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Lusa
01/12/2019 19:53 ‧ 01/12/2019 por Lusa

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Mali

 

Através de uma declaração emitida na noite de sábado, Boubacar Keita também anunciou o lançamento oficial em 14 de dezembro de um debate nacional para solucionar a grave crise, e não apenas a nível securitário, mas num conjunto abrangente de setores, uma proposta que o país do Sahel aguarda desde há vários anos.

Responsáveis e peritos citados pela agência noticiosa AFP consideram que o desfecho do conflito do Sahel não poderá ser resolvido apenas pela força das armas e sem iniciativas políticas, enquanto o 'jihadismo' e as violências se propagam com um balanço de milhares de mortos.

Hoje, dois polícias foram mortos num ataque de quatro 'jihadistas' contra o seu posto em Menaka (leste), dois deslocando-se de moto, anunciou Paul Bem, um porta-voz das autoridades locais.

Na segunda-feira, 13 soldados franceses foram mortos na colisão de dois helicópteros durante uma operação de combate noturno contra os 'jihadistas' na mesma região fronteiriça.

O Presidente maliano indicou que se deslocará à homenagem que a França vai dedicar na segunda-feira a estes soldados, em Paris.

"Inclino-me perante a sua memória", disse, enquanto aumentam as vozes que exigem a retirada das tropas francesas ou estrangeiras, acusadas de apenas se interessarem pelas riquezas naturais do Mali.

"Não temos qualquer motivo para festejarmos por termos estendido a mão aos que ontem necessitavam de ajuda", considerou Keita, numa referência ao envolvimento de soldados malianos durante as guerras mundiais ou em missões de paz, acrescentando: "mas também não temos qualquer razão para morder a mão aos que hoje nos estendem a sua".

O chefe de Estado deste país da África do norte agendou para 14 de dezembro o início oficial do diálogo nacional inclusivo que anunciou em maio, e que implicou diversos meses de consultas. O objetivo consiste em sentar as diversas fações malianas a uma mesa e elaborar um roteiro de paz.

O Presidente maliano deixou a entender que esta iniciativa vai assumir a forma de um congresso e apelou a "todas as forças vivas da Nação" a integrarem este diálogo "que vai entrar na sua fase final".

Até ao momento, a iniciativa tem-se confrontado com a não-participação de atores importantes, incluindo a principal formação de oposição, a Frente para a Defesa da Democracia.

"Devemos considerar a oportunidade para um diagnóstico profundo", acrescentou Keita.

As conclusões e resoluções deste diálogo serão aplicadas por um mecanismo independente, assegurou.

Um novo sinal aparente sobre a vontade de relançar o diálogo político consiste na convocação para 11 de dezembro, segundo a agência noticiosa AFP, de um comité responsável pelo acompanhamento do acordo de paz de Argel de 2015, que previa o desarmamento dos grupos rebeldes e a sua integração nas forças de defesa malianas.

 

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