Segundo informações publicadas hoje pelos medias brasileiros, promotores do Rio de Janeiro suspeitam que Flávio Bolsonaro tenha usado dinheiro em espécie para comprar dois imóveis, branqueando verbas de recursos públicos a que teve acesso de forma ilícita.
A suspeita é que Flávio Bolsonaro, com a ajuda de um ex-assessor chamado Fabrício Queiroz, arrecadou dinheiro contratando funcionários fantasmas e também recebendo ilegalmente parte do salário de outros funcionários no seu gabinete parlamentar na Assembleia estadual do Rio de Janeiro.
Na última quarta-feira, antigos assessores de Flávio Bolsonaro foram alvo de mandados de busca e apreensão pela polícia.
A polícia também esteve numa chocolataria que pertence a Flávio Bolsonaro.
Também foram investigados Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, e familiares seus que trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Um dos principais envolvidos neste caso é Fabrício Queiroz, ex-chefe de segurança de Flávio Bolsonaro, cuja conta bancária indicou movimentações atípicas de 1,2 milhões de reais (hoje cerca de 264,3 mil euros) entre 2016 e 2017, valor que contrastava com o seu rendimento mensal, que naquela época não excedia 20 mil reais (quase 4,4 mil euros).
Além destas informações sobre as suspeitas dos procuradores, o jornal O Globo publicou trechos de diálogos mantidos por intermédio de aplicações de mensagens para telemóvel entre uma ex-assessora de Flavio Bolsonaro, Danielle Mendonça, e Fabrício Queiroz.
Danielle Mendonça era casada com um suspeito de integrar uma das maiores milícias (grupo criminoso formado por polícias e ou ex-polícias) do Rio de Janeiro e foi funcionária de Flávio Bolsonaro até o início deste ano.
Numa das mensagens obtidas pelo jornal O Globo, Fabrício Queiroz dizia a Danielle Mendonça que enviou comprovativos dos depósitos dos salários dela e, noutra, o antigo assessor pediu-lhe que não comparecesse a um depoimento convocado pela polícia.
Informações sobre transações suspeitas envolvendo o filho mais velho do Presidente brasileiro foram enviadas ao Ministério Público em relatórios elaborados por órgãos públicos de controlo fiscal no ano passado, mas a legitimidade da investigação foi contestada judicialmente e o caso acabou paralisado até passar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta instância judicial do país.
Em julho, o presidente do STF, Dias Toffoli, determinou, por precaução, a cessação de todas as investigações contra Flávio Bolsonaro e os seus assessores, iniciadas com base em dados bancários ou tributários obtidos sem autorização judicial prévia.
No entanto, no mês passado, o caso foi analisado no plenário do STF, onde por uma grande maioria de oito votos contra três foi autorizado o uso de dados fornecidos por entidades oficiais para investigar suspeitas de corrupção sem a necessidade de autorização judicial.