"Muitos meios de comunicação social de todo o mundo publicaram nos últimos dias informações importantes sobre a fortuna da família do ex-Presidente de Angolano José Eduardo dos Santos. A fonte do Luanda Leaks é o denunciante Rui Pinto", refere a PPLAAF numa nota divulgada na sua página na Internet na segunda-feira.
A PPLAAF refere também que os dados que constam no Luanda Leaks foram confiados à plataforma "pelo denunciante Rui Pinto, que queria expor atividades ilegais ou contrárias ao interesse público".
Esta nota da PPLAAF surge após os advogados de Rui Pinto terem revelado que o seu cliente entregou à plataforma em 2018 um disco rígido contendo dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos.
Rui Pinto, criador do Football Leaks, uma plataforma onde foi publicada vária documentação secreta relativa a transferências e contratos de jogadores, vai responder em Portugal em julgamento no âmbito deste caso por 90 crimes, de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, encontrando-se em prisão preventiva desde março do ano passado.
"Os advogados abaixo assinados declaram que o seu cliente, o Sr. Rui Pinto assume a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF), um disco rígido contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros", refere uma nota de William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota.
No comunicado, os advogados de Rui Pinto dizem que fundador do Football Leaks procurou, desta forma, "ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de Portugal".
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) revelou no dia de 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Na passada quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República angolana anunciou que Isabel dos Santos tinha sido constituída arguida num processo em que é acusada de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol e que visa também portugueses alegadamente facilitadores dos negócios da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.
De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.
A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.
O EuroBic já anunciou que a empresária vai abandonar a estrutura acionista, o mesmo acontecendo na Efacec e já depois de os três membros não executivos do conselho de administração da NOS ligados a Isabel dos Santos terem anunciado a sua saída da operadora de telecomunicações.
Há uma semana, a consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) anunciou o corte de relações com as empresas controladas por Isabel dos Santos, enquanto a Sonae disse estar a acompanhar a situação com preocupação, devido à alusão à NOS, controlada pela ZOPT, da qual é acionista, tal como Isabel dos Santos.