Liu Yingzi, o diretor da Comissão de Saúde de Hubei, a província de onde surgiu o novo coronavírus, e Zhang Jin, secretário do Partido Comunista da China (PCC) para aquele órgão, foram afastados dos cargos, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV.
As notícias desta demissões surgem um dia depois do número de mortos em resultado da infeção viral ter chegado aos 1016, tendo-se registado pela primeira vez uma centena de vítimas mortais num só dia (ainda que o número de infeções esteja a diminuir).
Ambos os cargos serão assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.
Liu e Zhang são, até à data, os funcionários de mais alto escalão a serem afastados na sequência da crise de saúde pública.
Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei e, sobretudo, para a capital de província, Wuhan.
A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong - que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan - e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.
Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato "infundado e ilegal", levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o 'hashtag' #woyaoyanlunziyou ('eu quero liberdade de expressão', em chinês) a tornar-se viral.
No entanto, a imprensa oficial culpou diretamente as autoridades locais pelo sucedido.