Guterres pede apoio ao Paquistão por acolher refugiados afegãos

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu hoje à comunidade internacional para apoiar o Paquistão, que acolhe 2,4 milhões de refugiados afegãos, no contexto de um acordo de paz no Afeganistão que permita o seu regresso ao país.

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Lusa
17/02/2020 14:17 ‧ 17/02/2020 por Lusa

Mundo

Nações Unidas

"Olhando para os desafios do futuro, a comunidade internacional deve dar um passo em frente", afirmou Guterres no decurso de uma cimeira em Islamabad por ocasião dos 40 anos de presença de refugiados afegãos no Paquistão.

Nesta cimeira estiveram ainda presentes o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, o alto comissário da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, entre outros responsáveis.

O líder da ONU enalteceu a "solidariedade e compaixão" do Paquistão com os afegãos que começaram a refugiar-se no país vizinho na sequência da invasão soviética de 1979, e que hoje atingem 1,4 milhões de pessoas registadas, para além de um milhão em situação irregular.

"O mundo deve reconhecer que o apoio internacional ao Paquistão foi mínimo em comparação com os seus próprios recursos nacionais", sublinhou Guterres, ao recordar que durante 22 anos a nação asiática acolheu a maior população refugiada do mundo, e que atualmente é o segundo.

Numa referência ao futuro dos milhões de refugiados afegãos, Guterres afirmou que a paz no Afeganistão é a única solução.

"A solução não é humanitária. A solução é a paz. E por isso, devemos concentrar de momento todos os nossos esforços no apoio ao processo de paz [no Afeganistão]", disse.

"A guerra é um negócio. Há sempre gente que pretende manter a guerra", frisou António Guterres.

No decurso da sua intervenção, o chefe da diplomacia paquistanesa, Shah Mahmood Qureshi, deixou muito claro que o objetivo do Paquistão consiste na repatriação desde o seu território, de forma gradual e voluntária, dos 2,4 milhões de afegãos, apesar de 60% já ter nascido em solo paquistanês.

Na sequência de um ultimato do Governo paquistanês em 2016, cerca de 370.000 refugiados registados cruzaram a fronteira em direção ao Afeganistão, e cerca de 300.000 sem documentos também o fizeram, mas segundo o ACNUR o número foi decrescendo nos anos seguintes até aos 8.000 em 2019.

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