Em declarações aos jornalistas, Amade Miquidade, o enviado especial do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, a Angola, frisou que, apesar de preocupante, a situação está sob controlo das autoridades.
Segundo o governante moçambicano, está-se em presença de "indivíduos sem rosto" e que "não se identificam".
"Não sabemos qual é o propósito, que os faz massacrar, mas não existe qualquer propósito que leve a que indivíduos matem pessoas inocentes, homens, velhos, crianças, esquartejem estas mesmas vítimas, incendeiam as aldeias, atacam centros de saúde, assim como outras instituições a nível dos distritos de Cabo Delgado", disse.
O ministro do Interior de Moçambique realçou que apesar de as forças de defesa de segurança estarem no local, os atacantes "atuam com meios sofisticados".
"São indivíduos - temos conhecimento, informação, do envolvimento de indivíduos de outras nacionalidades - e nunca disseram qual era o propósito da atuação, portanto, não está fora de controlo, mas está bastante preocupante, sobretudo quando morre um cidadão inocente, é preocupação, e naquele caso morrem vários", referiu.
Instado a revelar as nacionalidades envolvidas nesses ataques, Amade Miquidade escusou-se a avançar pormenores, mas garantiu que as autoridades daquele país lusófono não têm dúvidas "que esteja alguém de fora a financiar estas atividades".
No final da audiência concedida pelo chefe de Estado de Angola, o ministro disse que abordou com João Lourenço o reforço da cooperação ao nível da defesa e segurança.
O governante moçambicano, que entregou uma carta de Nyusi a João Lourenço, considerou "bastante boa a cooperação significativa, quer a nível das lideranças quer a nível dos oficiais".
Questionado sobre se a carta enviada ao Presidente angolano está relacionada com a situação atual de Cabo Delgado, o enviado especial de Filipe Nyusi disse que a cooperação entre as forças de defesa e segurança envolve a troca de informações.
"Nós propusemos o reforço da cooperação e é o que estamos a fazer, não é a primeira vez que vem um enviado do PR a nível da defesa e segurança, e se calhar, esperamos que amanhã ou daqui a um mês uma delegação de Angola vá à Moçambique", salientou.
Os ataques armados na província de Cabo delgado, onde nascem os megaprojetos de gás natural, já provocaram pelo menos 350 mortos e afetaram 156.400 pessoas.
Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados de grupos 'jihadistas', Estado Islâmico, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.