Os Estados Unidos assinaram este sábado um acordo de paz com os Talibãs que põe em vista o fim da guerra mais longa do país norte-americano, avançam os meios internacionais. Milhares de pessoas morreram na guerra, que dura há quase duas décadas, desde os ataques de 11 de setembro.
Sob o acordo, os EUA anunciaram a retirada das tropas norte-americanas, e a aliança militar do Norte, no território Afegão.
Este sábado, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, reuniu-se com um grupo de 31 talibãs durante um "momento histórico" - como lhe chamou - onde dividiram o palco em Doha, capital do Qatar.
Se os talibãs cumprirem a sua parte do acordo, todas as tropas norte-americanas e da NATO serão retiradas dentro de 14 meses.
A Associated Press adianta que o secretário da Defesa americano, Mark Esper, afirmou que os EUA "não hesitarão em anular o acordo" se este for desrespeitado.
"Se os talibãs não respeitaram os seus compromissos, vão perder a oportunidade de se sentar com os outros afegãos e deliberarem sobre o futuro do seu país", disse o chefe do Pentágono.
Também Mike Pompeo, advertiu que este entendimento é apenas o princípio de um processo de paz e que ainda há muito para fazer. "Este é um momento cheio de esperança, mas é só o princípio, há uma grande quantidade de trabalho pela frente no campo diplomático", disse Pompeo em conferência de imprensa em Doha, adiantou a EFE.
A União Europeia já pediu que as negociações para uma paz duradoura entre afegãos comecem "sem demora".
"A União Europeia considera a conclusão hoje do acordo entre Afeganistão e EUA e entre os EUA e os talibãs um importante primeiro passo em direção a um processo de paz completo, com as negociações entre afegãos no centro", disse o representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, numa declaração em nome dos 27 Estados-membros.
Borrell acrescentou que "não se pode perder a atual oportunidade de avançar em direção à paz".
Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão depois dos ataques a 11 de setembro, em 2001, para derrotar os talibãs, que abrigaram Osama Bin Laden.
Numa cerimónia paralela, em Cabul, Ashraf Ghani, presidente do Afeganistão, afirmou: "Todas as pessoas do Afeganistão esperam que seja um cessar-fogo permanente." "Que hoje seja o momento em que ultrapassamos o passado", referiu, pedindo um momento do silêncio "em honra dos todos os heróis".
Este acordo de paz pode ajudar Donald Trump a cumprir uma das promessas feitas na sua primeira campanha presidencial, de retirar a América da "guerra interminável" em que se encontrava.
A assinatura do acordo ocorre uma semana depois de a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e os talibãs se comprometerem a reduzir a violência na região.
Em 17 de fevereiro, os talibãs anunciaram que tinham chegado a um acordo com os Estados Unidos que permitiria a assinatura de um tratado para colocar fim a duas décadas de conflito no Afeganistão.
O acordo inclui a possibilidade de negociações diretas entre os rebeldes e o Governo afegão, que o movimento insurgente tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.
O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.
O primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo Governo de Cabul de 5.000 dos cerca de 11.000 elementos do movimento que se encontram presos.
Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.