Numa intervenção perante a comissão de Ambiente do Parlamento Europeu, em Bruxelas, pouco depois de ter sido convidada especial da reunião do colégio na qual a Comissão Europeia adotou a sua proposta legislativa, Greta Thunberg criticou a "pretensa liderança" da União Europeia no combate às alterações climáticas, acusando os responsáveis europeus de fingirem que "uma ação real e suficiente está em curso, quando, na verdade, não é esse o caso".
"Não faz nenhum sentido. Se a nossa casa está em chamas, não esperamos uns anos para apagar o fogo. No entanto, é isso que a Comissão propõe hoje", disse, referindo-se à proposta de lei adotada pelo executivo comunitário com o objetivo de garantir a neutralidade carbónica da União Europeia num horizonte temporal de 30 anos (até 2050).
Para a ativista contra as alterações climáticas, "quando a UE apresenta esta lei e a neutralidade climática para 2050, indiretamente está a admitir a capitulação, está a dizer que se rende, que deixa de lado o Acordo de Paris, as promessas de fazer todos os possíveis para assegurar um futuro seguro para os seus filhos".
Greta Thunberg falava perante os eurodeputados sensivelmente na mesma altura em que o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo Pacto Ecológico, Frans Timmermans, apresentava as ideias-chave da Lei do Clima numa conferência de imprensa na sede do executivo comunitário.
Questionado sobre as duras críticas da ativista à proposta da Comissão, Timmermans admitiu uma divergência de pontos de vista, ainda que assegurando que os objetivos são os mesmos.
"Eu apresentei o meu ponto de vista à Greta Thunberg esta manhã e aparentemente ela não concorda. Não há problema. Estamos todos a lutar para alcançar os mesmos objetivos. Ela aparentemente tem mais ambição, ou pensa que nós não conseguimos alcançá-los. Eu acho que podemos. E nisso discordamos, não há qualquer problema", respondeu.
A Comissão Europeia adotou hoje, em Bruxelas, uma proposta legislativa para garantir o cumprimento do compromisso recentemente assumido pela União Europeia de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, com a nova Lei do Clima a fixar metas vinculativas.
Segundo o executivo comunitário, trata-se de consagrar na legislação comunitária o compromisso político dos líderes europeus no sentido de assegurar a neutralidade carbónica na Europa o mais tardar até dentro de 30 anos, um dos pilares do Pacto Ecológico, a grande 'bandeira' da Comissão liderada por Ursula von der Leyen.