Durante uma conversa telefónica com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o chefe de Estado francês apresentou os argumentos para um maior controlo das entradas e das saídas do espaço Schengen ou mesmo para uma interdição de acesso para certos países em riscos, zonas já com níveis elevados de contaminação ou em grande progressão da pandemia de Covid-19 (designação da doença causada pelo novo coronavírus), segundo anunciou a Presidência francesa.
De acordo com o Eliseu (sede da Presidência francesa), Emmanuel Macron quer "evitar medidas descoordenadas", como aquelas que já foram decididas por países que fecharam ou que reforçaram os controlos das respetivas fronteiras com vários outros Estados europeus, em violação das regras europeias.
Vários países europeus adotaram medidas restritivas em relação a viajantes procedentes de outros Estados europeus, como foi o caso da Eslováquia e da República Checa que anunciaram o encerramento quase total das respetivas fronteiras a cidadãos estrangeiros.
Já a Áustria e a Hungria decidiram restringir as entradas a partir da Itália (o país mais afetado pela pandemia fora da China), enquanto a Eslovénia começou a aplicar controlos sanitários nas fronteiras.
Ursula von der Leyen alertou hoje, entretanto, para o encerramento de fronteiras decidido por alguns países da UE, defendendo medidas de controlo sanitário "nas fronteiras externas (do espaço comunitário) ou internas".
A proposta de Macron em relação às fronteiras foi imediatamente criticada pela presidente do partido de extrema-direita francês Rassemblement National, Marine Le Pen.
"Esta proposta, além de chegar tarde de mais, é (...) inepta quando todos os países europeus já restabeleceram as suas fronteiras nacionais. A ideologia globalista é uma péssima conselheira", reagiu Marine Le Pen, numa mensagem na rede social Twitter.
O espaço Schengen é o maior espaço de livre circulação do mundo, abrangendo 22 países da UE (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, República Checa e Suécia) e quatro países associados (Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein).
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.300 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 140 mil pessoas, com casos registados em mais de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 112 casos confirmados.