A patrulha que começou no sábdo na capital argentina e que avançará hoje pelas demais províncias do país visa controlar o estrito cumprimento do decreto de necessidade e urgência anunciado, na quinta-feira pelo Presidente, Alberto Fernández, que determinou 14 dias de "isolamento social" para todos aqueles que chegarem das zonas mais afetadas pelo coronavirus: de toda a Europa, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, da China, do Japão e do Irão.
"Vamos aos hotéis com a polícia. Se nos hotéis descobrirmos pessoas que não estão em quarentena, fazemos a denúncia ao juizado e o juiz nos dirá o que fazer com essas pessoas. Entre as opções, está a deportação, porque estão a infringir o decreto e devem ser expulsos", confirmou à Lusa a diretora de Migrações, Florencia Carignano, indicando que já foram encontrados turistas que infringiam o decreto.
Três pessoas foram detidas nas últimas horas por desrespeitarem a quarentena: um espanhol de 66 anos que chegou ao país a 02 de março e dois argentinos que viajavam de carro e foram abordados com sintomas da doença por um controlo policial na estrada.
Num hotel da capital argentina, um casal de ingleses negou-se a acatar o isolamento. O juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi deve definir o que fazer com os turistas: interrogá-los, prendê-los ou expulsá-los.
Os turistas estrangeiros correm mais riscos de expulsão enquanto os argentinos podem sofrem sanções penais, inclusive a prisão.
"O Ministério do Interior está a remeter aos governos provinciais e, por parte do Departamento de Migrações, estamos a enviar a todos os ministérios provinciais de Saúde a lista de todas as pessoas que entraram nos últimos 15 dias no país para que sejam controladas. Amanhã já podem começar os controlos no interior", avisou a responsável pelo Departamento de Migrações, Florencia Carignano.
Quando chegam ao aeroporto internacional de Buenos Aires, os passageiros europeus e dos países mais afetados pelo coronavirus são avisados sobre a obrigação de 14 dias de quarentena, período que muitas vezes é superior ao tempo de permanência dos estrangeiros no país.
"Hoje não autorizamos a entrada no país a duas pessoas estrangeiras porque, quando lhes explicámos sobre o protocolo de isolamento, ainda no posto de fronteira, negaram-se a cumpri-lo. Foram embarcados no voo seguinte de volta aos seus países de origem", apontou Carignano.
Além de impor uma quarentena obrigatória, o decreto argentino proíbe, por 30 dias, todos os voos da Europa e das demais zonas afetadas pelo covid-19 a partir da meia-noite de segunda-feira.
A Argentina tem 45 casos confirmados de coronavirus, dos quais dois morreram e três receberam alta hospitalar. Quatro casos são de pessoas que tiveram contacto com infetados. O vírus ainda não circula comunitariamente.
O Governo também anunciou que vai controlar a entrada terrestre de estrangeiros de países afetados que cruzarem a fronteira com os países vizinhos (Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile). São 237 pontos de fronteira pelos quais europeus, norte-americanos, coreanos, chineses, japoneses e iranianos serão abordados.
"É uma medida forte e importantíssima para bloquear as possibilidades de circulação do vírus", defendeu o ministro do Interior, Eduardo de Pedro.