O Presidente, Rodrigo Duterte, declarou uma "quarentena comunitária reforçada" na principal ilha de Luzon, que exige que milhões de pessoas fiquem em casa e restringe viagens terrestres, aéreas e marítimas para lutar contra a doença.
A contenção de um mês, que entrou hoje em vigor, obrigou a suspender aulas e a maioria dos trabalhos em escritórios, incluindo as negociações na bolsa de valores, e libertou as principais estradas da capital Manila dos habituais engarrafamentos.
As Filipinas registaram 187 casos de infeção, de acordo com o Departamento da Saúde, que hoje confirmou um dos seus funcionários entre os doentes. Catorze pessoas morreram, o maior número entre os países do sudeste da Ásia.
O subsecretário dos Transportes, Raul del Rosario, disse hoje que os turistas e viajantes estrangeiros podem optar por deixar Luzon, onde se encontra a capital, dentro de 72 horas para evitarem ficar presos, visto que todos os voos da região vão ser suspensos.
Quando o prazo chegar, "eles não vão ter opção porque todos os voos, nacionais e internacionais, vão ser cancelados", afirmou o responsável, em entrevista.
Muitos passageiros congestionaram o principal aeroporto de Manila, algumas companhias aéreas já cancelaram voos, complicando os problemas dos turistas.
Segundo disseram à Lusa várias fontes, pelo menos cem turistas portugueses estão retidos nas Filipinas, "aflitos" e "desesperados", sem conseguirem regressar a Portugal
"Na última contagem, eram sensivelmente 120", porque "há muita gente que está retida em ilhas", explicou Emanuel Mosca, um dos turistas afetados.
Também à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que o caso dos turistas retidos nas Filipinas está a ser acompanhado pela embaixada em Jacarta porque Portugal não tem representação nas Filipinas.
"Eu falei esta manhã com o embaixador (na Indonésia) e a embaixada e a secção consular estão em contacto com todos os componentes daquele grupo de turistas portugueses cuja circulação foi prejudicada por decisões às vezes contraditórias das autoridades centrais e regionais das Filipinas", relatou Augusto Santos Silva acrescentando que é de esperar movimentos de coordenação com outros Estados europeus.
As medidas drásticas anunciadas por Duterte na noite de segunda-feira -- que incluem a suspensão do transporte em massa -- apanharam muitos habitantes de surpresa e provocaram confusão em muitas áreas.
Os profissionais de saúde e outros funcionários autorizados a apresentaram-se ao trabalho reclamavam que não havia autocarros ou transportes para levá-los ao trabalho. Mais tarde, camiões do exército foram enviados para transportá-los, segundo as autoridades.
"São ajustes do primeiro dia. Vamos arranjá-los", afirmou o subsecretário do Interior, Jonathan Malaya.
Além do esforço de contenção, Duterte declarou todas as Filipinas em estado de calamidade por seis meses, para permitir a libertação mais rápida de fundos de emergência.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.