"A crise relacionada com o novo coronavírus vai ter severas consequências económicas a curto prazo e também vai ter implicações nos orçamentos dos Estados, mas a NATO e os seus aliados acordaram investir mais em segurança precisamente por vivermos num mundo de incertezas, com novas ameaças e novos desafios, e isso, infelizmente, não mudou", declarou hoje o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
Numa conferência de imprensa, por videoconferência, a partir da sede da NATO em Bruxelas para apresentar as contas da organização de 2019, o responsável sublinhou que "a ação militar fornece capacidade extra para a sociedade civil lidar com crises como a do novo coronavírus".
"Vemos como os militares estão a ajudar o setor da saúde, a auxiliar no controlo das fronteiras e a apoiar os hospitais com logística", exemplificou Jens Stoltenberg.
Classificando esta como uma "crise sem precedentes", o responsável pediu também união dentro da NATO.
"Vivemos num mundo de incerteza. O novo coronavírus tornou claro que é mais importante do que nunca que fiquemos juntos, trabalhemos juntos e nos apoiemos e é nisso que consiste a NATO", insistiu.
O secretário-geral da organização recordou que foram adotadas medidas preventivas na sede da organização, nomeadamente por ter sido ali detetado pelo menos um caso de Covid-19, como privilegiar o teletrabalho quando possível, proibir temporariamente as visitas e aumentar o distanciamento social.
Além disso, "reduzimos drasticamente o número de reuniões, [...] fazemos testes médicos a toda a gente que aqui entra e criámos um grupo de trabalho dedicado ao Covid-19", precisou.
"A crise também tem implicações no nosso exercício, mas isto não afeta a capacidade da NATO. As nossas forças estão prontas, continuamos a trabalhar e, se for necessário, podemos agir", garantiu Jens Stoltenberg.
Questionado sobre a eventual existência de pessoal infetado com o novo coronavírus em missão no Afeganistão, o secretário-geral rejeitou tal situação.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.
No relatório sobre as contas anuais hoje divulgado, a NATO fala num aumento das despesas dos aliados com a área da defesa.
Relativamente a Portugal, confirma-se que o país alocou 1,52% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à área da Defesa, acima da meta de 1,41% estipulada pelo Governo português para este ano, mas ainda longe do objetivo de 2% acordado entre os países-membros da NATO.
No país, a percentagem do PIB alocada a este setor tem vindo a aumentar desde 2017, tendo passado de 1,25% nesse ano para 1,43% em 2018 e para 1,52% em 2019.
O objetivo traçado pelo Governo português para o ano passado era o de chegar aos 1,41% da riqueza nacional.
Até 2024, o executivo de António Costa pretende chegar aos 1,66% do PIB nas despesas com a Defesa, meta que, ainda assim, ficará aquém do objetivo de 2% acordado entre os países membros da NATO na cimeira de Gales em 2014.