Do total de mortes, nove ocorreram em São Paulo, que tem ainda 396 casos do novo coronavírus confirmados. O estado do Rio de Janeiro tem dois mortos e 109 infetados. Os estados de Roraima e Maranhão continuam os únicos sem casos registados.
O ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, afirmou na sexta-feira, em conferência de imprensa, que o sistema de saúde brasileiro deve entrar em colapso em abril, explicando que o termo se refere a uma situação onde não é possível conseguir atendimento médico para todos os casos.
"Claramente no final de abril o nosso sistema entra em colapso. O que é um colapso? Às vezes as pessoas confundem colapso com sistemas caóticos, com sistemas críticos, aonde vê aquelas cenas de pessoas nas macas", indicou o ministro.
O governante precisou que o colapso é quando alguém "pode ter o dinheiro, (...) pode ter o plano de saúde, pode ter a ordem judicial, mas simplesmente" não há um sistema para entrar.
"É o que está a vivenciar a Itália, um dos países de primeiro mundo que, atualmente, não tem onde entrar", explicou.
A estimativa do Ministério da Saúde é que haja um crescimento dos casos do Covid-19 nos próximos 10 dias, com uma subida mais aguda em abril, permanecendo alta em maio e junho.
A partir de julho, o Governo espera o início da desaceleração e, em agosto, um movimento de queda.
O Ministério da Saúde declarou que todo o território nacional está sob o estatuto de transmissão comunitária do novo coronavírus, que é quando há uma maior difusão do vírus e as autoridades de saúde já não conseguem identificar a trajetória de infeção.
O estatuto foi publicado em portaria na noite desta sexta-feira.
Antes de ser publicada, o ministro da Saúde argumentou que a medida seria necessária para impedir decisões descentralizadas por parte de governadores.
Na conferência de imprensa, acompanhado do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde reiterou a importância da redução de circulação dos cidadãos e iniciativas de isolamento.
Após ter sido bastante criticado pela sua postura em relação à pandemia do novo coronavírus, tendo chegado a afirmar que se tratava de "histeria e fantasia" divulgada pela imprensa, Jair Bolsonaro voltou na sexta-feira a subestimar o vírus, afirmando que não será "derrubado" pela covid-19.
"Depois da facada [que sofreu em 2018, num ato de campanha], não vai ser uma gripezinha que me vai derrubar", disse Bolsonaro aos jornalistas, após ser questionado o motivo de não apresentar os exames que comprovam que testou negativo para o novo coronavírus.
Jair Bolsonaro e vários membros do Governo brasileiro, que viajaram no início do mês para os Estados Unidos, foram submetidos a exames ao novo coronavírus, depois de a análise do secretário especial de comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, ter sido positiva.
Segundo a imprensa local, já são 22 as pessoas que integraram a comitiva governamental na viagem aos EUA que contraíram a covid-19, entre elas dois ministros.
"Eu sou uma pessoa especial pela função que eu ocupo, obviamente. Mas fiz os dois exames, a minha família fez também, e deram negativo. Se o médico da Presidência ou até o ministro da Saúde achar que eu devo fazer algum novo, sem problema nenhum. Várias pessoas do meu lado deram positivo", disse Bolsonaro, evitando responder se mostraria publicamente os resultados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 182 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.