Nobel da Química defende otimismo. "Precisamos é de controlar o pânico"

Michael Levitt acredita que "vamos todos ficar bem" e tem perspetivas mais otimistas do que aquelas que os especialistas em saúde têm trazido a público em relação à pandemia de Covid-19.

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Filipa Matias Pereira
25/03/2020 08:39 ‧ 25/03/2020 por Filipa Matias Pereira

Mundo

Covid-19

Michael Levitt, laureado com o Nobel da Química em 2013, analisou os números de casos de Covid-19 que se registaram em todo o mundo, em janeiro, e calculou que a China passaria pelo pico do surto do novo coronavírus bem antes do que os especialistas em saúde previam. "O que precisamos é de controlar o pânico" porque "vamos ficar bem", pressagiou o bioquímico.

Em entrevista ao Los Angeles Times, Michael Levitt revelou previsões mais animadoras do que os epidemiologistas no que aos meses - ou anos - de perturbações e aos milhões de mortos previstos diz respeito. Os dados analisados pelo Nobel da Química permitem-lhe garantir que esses dados não indicam um cenário tão catastrófico, sobretudo nos países onde são cumpridas medidas razoáveis de distanciamento social.

Levitt analisou o caso chinês e concluiu, no dia 31 de janeiro, que tinham sido registadas 46 novas mortes, enquanto que no dia anterior foram reportadas 42 novas mortes. Estes eram dados importantes, já que mostravam que, apesar de o número de casos ter aumentado, esse aumento foi mais ligeiro e era indicativo de que a trajetória do surto estava a começar a mudar.

Com base nestes indicadores, o Nobel da Química previu que "a taxa de aumento do número de mortes" diminuiria ainda mais na semana seguinte. Foi esta conclusão que o bioquímico escreveu no dia 1 de fevereiro e que foi amplamente partilhada nas redes sociais.

Passaram-se três semanas e, em entrevista ao China Daily News, Levitt garantiu que a epidemia tinha atingido o pico máximo, prevendo ainda que a China terminaria o surto do novo coronavírus com sensivelmente 80 mil casos e 3.250 mortes.

Certo é que as previsões do especialista não andaram longe. Como dá conta o Los Angeles Times, no dia 16 de março, a China contabilizou 80.298 casos e 3.245 mortes. O número de pacientes diagnosticados tem vindo a cair diariamente desde então, sendo que agora o receio centra-se nos casos importados.

A partir do exemplo chinês, Levitt, que recebeu o Nobel da Química por desenvolver complexos modelos de sistemas químicos, encontra pontos de semelhança noutros países, mesmo naqueles que não adotaram medidas de isolamento tão restritas como a China.

O também biofísico analisou dados de 78 países que reportaram mais de 50 novos casos de Covid-19 diariamente e vê claramente "sinais de recuperação". Michael Levitt não se centrou, nesta abordagem, no número total de casos, mas antes no número de novos casos.

Apesar de defender uma visão mais otimista dos números desta pandemia, o Nobel da Química reforça a necessidade de distanciamento social, nomeadamente a proibição de grandes reuniões porque o vírus é tão novo que a população não tem imunidade para se defender e a vacina ainda tardará.

Embora a taxa de mortalidade pela Covid-19 pareça ser significativamente mais elevada do que a da gripe, "não é o fim do mundo" e a "situação não é tão terrível quanto parece", vincou.

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