O executivo israelita tinha já autorizado previamente que o serviço de segurança interna, o Shin Beth, recolhesse os dados pessoais de cidadãos através do seu telemóvel, uma medida justificada para tentar conter a pandemia da covid-19, que até ao momento já contaminou mais de 4.800 pessoas no país.
No entanto, e após uma interpelação de defensores dos direitos civis, o Supremo tribunal exigiu a formação de uma comissão parlamentar para autorizar, ou rejeitar, o prosseguimento da vigilância numérica.
"No final de uma maratona de discussões (...) a comissão provisória do Knesset [parlamento] sobre os assuntos relacionados com o Shin Beth aprovou a decisão do governo de autorizar o Shin Beth a ajudar nos esforços para conter a propagação do coronavírus durante um mês [até 30 de abril de 2020]", indicou em comunicado a comissão dos Negócios Estrangeiros e da Defesa do Knesset.
Ao assinalar a determinação em utilizar todos os meios "na guerra contra um inimigo invisível", o primeiro-ministro em funções, Benjamin Netanyahu, encarregou o Shin Beth, com o apoio do governo, a recolher os dados pessoais que, segundo informações divulgadas pelos media, permitem localizar, sem o seu conhecimento, os portadores do vírus e as pessoas em quarentena através dos operadores telefónicos.
A 'Lista Unida' dos partidos árabes, terceira força política do país, e diversas ONG de defesa dos direitos civis já apresentaram recursos contra esta nova medida.
O partido 'Azul-Branco' do ex-general Bennu Gantz também denunciou "uma decisão perigosa" por ter sido adotada sem controlo parlamentar.
Gantz, ex-rival político de Netanyahu, promove atualmente conversações com o primeiro-ministro cessante para formar um governo de "unidade e urgência" destinado a enfrentar a pandemia do covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 803 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 40 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 160 mortes e 7.443 casos de infeções confirmadas. Dos infetados, 627 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.