No domingo, Trump partilhou na sua conta pessoal da rede social Twitter uma mensagem cujo conteúdo apontava no sentido da demissão de Fauci, no que foi lido como uma manifestação de desconforto do Presidente norte-americano perante algumas discordâncias do seu principal conselheiro na luta contra a propagação do novo coronavírus.
Giuseppe Ippolito, diretor científico do hospital Lazzaro Spallanzani, em Roma, o principal estabelecimento de doenças infecciosas de Itália, escreveu uma carta ao Presidente italiano, hoje divulgada, em que diz que o país deveria receber Fauci de braços abertos.
Itália é o epicentro europeu da pandemia e Giuseppe Ippolito tratou os primeiros pacientes de covid-19 em Itália.
Ippolito elogiou a experiência, a liderança e a "ajuda generosa e altruísta" que Fauci tem dado aos hospitais italianos, durante a pandemia.
O diretor hospitalar italiano disse que a eventual demissão de Fauci da equipa de crise nos EUA seria "uma notícia desastrosa, não apenas para os Estados Unidos, mas para toda a comunidade internacional".
Os rumores sobre o afastamento de Fauci já circulavam em Washington há vários dias, e reforçaram-se quando Trump divulgou a mensagem no Twitter, mas na segunda-feira a Casa Branca disse em comunicado que o Presidente confia no seu conselheiro e não tem qualquer intenção de o demitir.
Ainda assim, Ippolito teme que o Governo norte-americano possa abdicar dos serviços de Fauci e deixa uma alternativa ao epidemiologista.
"O nosso instituto ficaria honrado em ter Anthony como conselheiro e esperamos que também o Governo italiano e a região de Lazio possa beneficiar da sua visão e experiência", escreveu Ippolito.
"Precisamos da liderança de Anthony Fauci, nos Estados Unidos ou em outros lugares, para enfrentar os desafios que a pandemia representa para os nossos sistemas de saúde", acrescentou o diretor hospitalar na carta enviada ao Presidente italiano, Sérgio Mattarella, com cópias para o primeiro-ministro, ministro da Saúde e ministro dos Negócios Estrangeiros.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (26.033) e mais casos de infeção confirmados (609.240 mil).
Seguem-se Itália (21.067 mortos, em 162 mil casos), Espanha (18.579 mortos, 177 mil casos), França (14.967 mortos, 37 mil casos) e Reino Unido (11.329 mortos, 88 mil casos).
Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.