Bolsonaro volta a criticar medidas de contenção da pandemia
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, apelou hoje novamente aos brasileiros para não "fugirem" do coronavírus e voltou a criticar as medidas de contenção da pandemia, numa manifestação pública em Brasília.
© Lusa
Mundo Coronavírus
"Não podemos fugir deste vírus, temos de o enfrentar de cabeça erguida, Deus está connosco", gritou o chefe de Estado aos apoiantes, que se manifestavam contra o aborto fora do palácio presidencial.
Naquela intervenção, que foi transmitida em direto no Facebook, Bolsonaro voltou a criticar governadores e presidentes de câmara que defendem a contenção e o distanciamento social, assim como o Congresso e a imprensa.
Na quinta-feira, Bolsonaro demitiu o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defendia o distanciamento e a contenção social como medidas de prevenção contra a propagação da pandemia no país, que tem cerca de 210 milhões de pessoas e é marcado por fortes desigualdades.
"O que mais ouvimos são pessoas que querem voltar ao normal. Desde o início que tenho vindo a dizer que temos dois problemas, o vírus e o desemprego. (...) Não estou a defender a economia, estou a defender o emprego. (...) É impossível compreender que as consequências do desemprego são o que vai matar as pessoas", disse hoje o presidente.
Embora reconhecendo que não podia obrigar as autoridades locais a suspender o isolamento social, acrescentou: "No que me diz respeito, vamos começar a relaxar e a mostrar que esta não é a forma correta".
Uma maioria de 68% dos brasileiros aprova a contenção, apesar do seu impacto na economia, de acordo com uma sondagem do Instituto Datafolha divulgada hoje. No entanto, o número está a diminuir, uma vez que era de 76% no início de abril.
O ministro da Saúde demitido por Bolsonaro, e que foi substituído por Nelson Teich, disse na semana passada que o Brasil iria enfrentar o pico da epidemia entre maio e junho.
O Brasil registou nas últimas 24 horas mais 206 vítimas mortais da pandemia de covid-19, o que elevou para 2.347 o número total de mortos no país. O número de infetados subiu para 36.599, mais 2.917 que na sexta-feira.
Segundo o balanço mais recente da pandemia, divulgado hoje pelo Ministério da Saúde brasileiro, nos últimos sete dias morreram mais 1.224 pessoas no país por causa da covid-19, o que significa um aumento de 108,9%.
São Paulo continua a ser o estado do Brasil mais afetado, com 991 mortes e 13.894 casos, seguido do Rio de Janeiro, com 4.543 casos e 387 mortes.
Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade é de 6,4%, mantendo-se idêntica à de sexta-feira.
Na sexta-feira, o país tinha atingido um recorde diário de 217 mortos e 3.257 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, totalizando 2.141 óbitos e 33.682 infetados desde que a pandemia chegou ao país, informou o executivo.
Além do número recorde de mortos e infetados num único dia, o país sul-americano registou naquele dia um aumento de 11,2% nas vítimas mortais, de 1.924 para 2.141, enquanto o número de infetados cresceu 10,7%, de 30.425 para 33.682 casos confirmados.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 157 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 502 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
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