Médico doente morreu depois de lhe receitarem hidroxicloroquina
Autoridades de Saúde negaram que lhe tinha sido receitado o medicamento, mas a imprensa brasileira teve acesso à receita médica. Gilmar Calazans Lima estava infetado com Covid-19 e morreu dois dias depois de começar tratamento.
© Reprodução
Mundo Brasil
Um médico brasileiro, com historial clínico de hipertensão e diabetes, soube que estava infetado com Covid-19 a 18 de abril e dois dias depois, esta segunda-feira, morreu, após sofrer uma paragem cardiorrespiratória. Tinha sido medicado com hidroxicloroquina e um antibiótico, receitados por um médico do Hospital Regional Costa do Cacau, em Ilhéus, no estado brasileiro da Bahia.
O secretário da Saúde do governo estadual, Fábio Vilas Boas, havia confirmado a morte de Gilmar Calazans Lima, mas dirigindo críticas ao médico por se ter, alegadamente, automedicado.
A Folha de S. Paulo, que diz ter tido acesso à receita médica, sustenta que lhe foram receitadas hidroxicloroquina - o polémico medicamento usado no tratamento da malária, ainda sem literatura concreta sobre a sua aplicação no tratamento da Covid-19 - e um antibiótico (azitramicina), prescrição assinada pelo médico Rafael Araújo.
A família de Gilmar Calazans Lima já tinha reagido às declarações da autoridade de Saúde, falando em declarações “caluniosas” e “irresponsáveis”. O secretário da Saúde confirma, agora, que a receita é verdadeira, mas acusa o médico e a vítima mortal de não ter agido dentro do protocolo legal, que estipula que a hidroxicloroquina é apenas usada em doentes de Covid-19 internados.
Esta já não é a primeira morte reportada no Brasil envolvendo o uso de cloroquina no tratamento da infeção Covid-19. Uma mulher brasileira de 53 anos de idade, suspeita de estar infetada com Covid-19, morreu quatro dias depois de ter iniciado um tratamento com cloroquina, um antibiótico, e um antiviral (azitromicina e tamiflu) num hospital de São Paulo.
Recorde-se que a hidroxicloroquina, assim como a cloroquina, é usada no tratamento da malária. Os dois medicamentos foram apontados como possibilidades na prevenção e tratamento de infeções pelo novo coronavírus, mas ainda sem resultados comprovados. Aliás, a Agência Europeia do Medicamento lançou um comunicado onde sublinha que os dois só devem ser usados no âmbito da Covid-19 em caso de estudo clínico ou do uso emergencial e monitorizado, para efeitos de investigação.
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