A nova fase da quarentena total, iniciada em 20 de março e renovada pela terceira vez neste sábado por Alberto Fernández, inclui uma leve flexibilização a toda a população: poderão sair de casa, por apenas uma hora, para atividades recreativas ao redor do seu domicílio.
"Vamos autorizar que qualquer pessoa possa sair em torno de 500 metros da sua casa para fins recreativos, mas não desportivos. Vão poder andar e tomar ar por uma hora diariamente, mas não correr nem andar de bicicleta", esclareceu Alberto Fernández.
Para metade da população que vive nos grandes centros urbanos do país com mais de 500 mil habitantes, como Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Santa Fé, Mar del Plata, Tucumán e Mendoza, a quarentena vai continuar com restrição total.
Porém, para a outra metade da população que vive nas cidades com menos de 500 mil pessoas, onde não houve registo de casos nos últimos dias, começa uma fase de flexibilização. A decisão de como gerir essa flexibilização caberá aos governadores de cada província.
"Agora começa uma nova fase. Deixamos nas mãos dos governadores o controlo de quais atividades poderão abrir. Vamos permitir que metade da população se mobilize", anunciou Fernández.
O Presidente, no entanto, ressaltou cinco requisitos que deverão ser cumpridos pelos governadores que flexibilizarem as atividades: o tempo de duplicação do número de casos não poderá ser inferior a 15 dias, o sistema de saúde tem de ser capaz de atender a procura, a avaliação demográfica e a vulnerabilidade social da área, a garantia de que apenas metade da população possa sair de casa a cada dia e zonas livres de transmissão comunitária.
"O Governo federal fará um acompanhamento e, se alguma dessas exigências não for cumprida, voltaremos ao ponto anterior da quarentena", advertiu Fernández, tirando a esperança daqueles que pensavam nas escolas ou nos restaurantes.
"O que não muda é que vamos continuar sem aulas, sem atividade na administração pública, sem hotéis, sem restaurantes e sem espetáculos", descartou.
Ao contrário dos países que sugerem o isolamento, a Argentina impõe uma proibição completa para a circulação, a não ser em cerca de 50 atividades com funções excepcionais. Fora esses grupos, aqueles que são apanhados sem autorização são detidos e respondem a processo penal.
O Presidente revelou que, depois desta fase, até 10 de maio, ainda virão mais duas etapas antes de a quarentena acabar por completo, mas não revelou a data para o fim do isolamento social, obrigatório e preventivo.
Segundo os dados que apresentou, nestes primeiros 35 dias de quarentena, 95% da população respeitou a primeira fase de "isolamento estrito". Na etapa de "isolamento administrado", o cumprimento atingiu 75% da população. Isso permitiu que a Argentina, com 45 milhões de habitantes, tenha 3.780 casos registados e 186 mortes.
No começo do isolamento, em 20 de março, a taxa de contágio duplicava-se a cada 3,3 dias. No dia 12 de abril, a taxa tinha passado a 10,3 dias. Atualmente, os contágios duplicam-se a cada 17,1 dias, indicando que o país conseguiu achatar a curva e ganhar tempo para se preparar para a covid-19.
O Presidente indicou que durante a semana haverá um plano económico para enfrentar a pandemia.
"Sei que muitos estão preocupados por voltar ao trabalho, mas prefiro que uma fábrica não trabalhe porque todos os empregados estão em quarentena a que não trabalhe porque todos estão doentes", refletiu.
E numa Argentina extremamente polarizada em posições políticas, o Presidente, que somou popularidade desde o começo das restrições, agradeceu pela união raras vezes vista no país.
"A saúde uniu-nos sem marcar diferenças. União da ciência com leigos, das políticas de todas as bandeiras. Vamos cuidar da saúde porque é cuidar da Argentina. Continuemos juntos e unidos para sairmos com menos dor deste tempo doloroso", pediu Alberto Fernández.