Os planos de desconfinamento de todos os países que já chegaram a essa fase são feitos de forma muito cautelosa, indicando-se que não há verdadeira retoma da vida normal (pré-pandemia) enquanto não for encontrada uma vacina. E se nunca for encontrada uma vacina?
Esta é a questão que a CNN formula, questionando se a retoma da normalidade poderá passar por um reformular dessa própria normalidade, ajustando-se as populações a uma vida com a possibilidade de infeção e adoptando novos hábitos de higiene, socialização e até de trabalho.
De acordo com a publicação, as sociedades - se enfrentadas com esta possibilidade - terão mesmo que aprender a viver com a Covid-19. E como seria esse cenário? As cidades irão, gradualmente, devolver as liberdades aos cidadãos, “mas com rédea curta”, diz a CNN.
“O testes e identificação de casos tornar-se-ão parte das nossas vidas a curto prazo, mas, em muitos países, pode ser dada uma ordem de confinamento a qualquer momento. Podem ser desenvolvidos tratamentos, mas poderão ocorrer surtos da doença todos os anos na mesma, e número global de mortes continuará a subir”, escreve.
No mês passado, fontes da Organização Mundial da Saúde (OMS) davam conta de, pelo menos, 70 vacinas a ser desenvolvidas contra o novo coronavírus - algumas poderão já ter sido testadas, outras ainda não. De qualquer forma, a movimentação global em torno da descoberta de uma cura tem deixado de lado a hipótese desta nunca poder vir a ser encontrada. É, de resto, um cenário que não é falado pelo políticos, que falam de forma otimista sobre a descoberta de uma vacina.
“Há alguns vírus que ainda não têm vacina”, disse à publicação David Nabarro, um docente de saúde pública do Imperial College de Londres, que também trabalha como enviado especial da OMS, no âmbito da Covid-19. “Não podemos assumir de forma absoluta que irá aparecer uma vacina ou, se aparecer, se passa todos os testes de eficiência e segurança”, completou.
Ainda assim, a maior parte dos especialistas acredita que irá ser encontrada uma vacina, por causa das características dos coronavírus. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, e conselheiro do governo para a pandemia, diz, por exemplo, que vai aparecer em 18 meses. Outros traçam cenários mais longos (como o diretor executivo da Roche, que fala em 2022).
“Nunca desenvolvemos uma vacina entre um ano a 18 meses”, disse Peter Hotez, reitor da escola de Medicina Tropical do Baylor College of Medicine, em Houston. “Não quer dizer que seja impossível, mas seria um feito heróico. Precisamos de um plano A e um plano B”, asseverou.