Hungria convoca embaixadores que acusa de difundirem "falsas informações"
Budapeste convocou hoje os seus embaixadores nos cinco países nórdicos, que acusa de difundirem falsas informações sobre a Hungria após as críticas sobre o reforço dos poderes do Governo de Viktor Orban para enfrentar a pandemia.
© Reuters
Mundo Viktor Orban
O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, emitiu duras críticas aos governos da Islândia, Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia e que definiu em comunicado de "central liberal internacional que emite falsas informações".
Em 30 de março, o parlamento húngaro aprovou uma controversa lei que permite ao primeiro-ministro nacionalista Viktor Orban governar por decreto até nova decisão e no âmbito do estado de emergência aprovado com o objetivo de combater a pandemia.
Ao associar-se às numerosas críticas internacionais motivadas por este texto, a secretária-geral do Conselho da Europa, Marija Pejcinovic, sublinhou que o estado de emergência "com duração indefinida e sem controlo não permite garantir que sejam respeitados dos princípios fundamentais da democracia e que a restrição dos direitos humanos fundamentais seja estritamente proporcional à ameaça que é suposto contrariar".
Numa missiva em 06 de maio, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos cinco países nórdicos também referiram "partilhar as inquietações" e sublinharam que "o Estado de direito deve prevalecer mesmo em situação de emergência".
"Os ministros dinamarquês, finlandês, islandês, norueguês e sueco sabem melhor que os húngaros aquilo que os húngaros querem?", retorquiu Szijjarto.
"Ocupem-se dos seus assuntos", acrescentou o chefe da diplomacia de Budapeste.
Desde o seu regresso ao poder em 2010 que Viktor Orban é sistematicamente censurado por organizações internacionais, que denunciam uma deriva autoritária registada na Hungria.
Na semana passada, a organização não-governamental norte-americana Freedom House retirou este país da lista de Estado democráticos e colocou-o na coluna dos "regimes híbridos".
A Hungria é membro do Conselho da Europa, uma instituição internacional que agrupa 47 Estados-membros.
Budapeste criticou vigorosamente as críticas sobre a instauração do estado de emergência e considerou estar a ser injustamente criticada. Na semana passada, Viktor Orban enviou uma carta ao Partido popular europeu (PPE, conservador), a formação da direita europeia que integra o seu partido, para exigir desculpas.
O Governo afirma que o parlamento húngaro pode suspender a qualquer momento as medidas excecionais e que o estado de emergência será abolido quando for declarado o final da pandemia.
O Parlamento europeu vai discutir na quarta-feira a situação do Estado de direito na Hungria.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 282 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (79.528) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,3 milhões).
Seguem-se o Reino Unido (32.605 mortos, mais de 222 mil casos), Itália (30.560 mortos, mais de 219 mil casos), Espanha (26.744 mortos, mais de 227 mil casos) e França (26.380 mortos, mais de 176 mil casos).
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