"Desde o início da pandemia em Portugal até ao final do mês passado nós tínhamos, só no Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, cerca de 500 pedidos de ajuda para regressarem ao país de pessoas em situação de grande vulnerabilidade", afirmou Eduardo Hosannah.
De acordo com aquele responsável diplomático, tratam-se de pessoas que "não têm mesmo mais condições para ficarem em Portugal e não têm dinheiro para a viagem", situações verificadas pelo Consulado.
O Consulado dará prioridade aos "casais com filhos e sem emprego, mulheres grávidas sem emprego, doentes e idosos, que não têm como ficar", especificou.
Destas pessoas, cerca de 400 poderiam melhorar a sua situação se as medidas impostas pela pandemia fossem levantadas, admitiu o diplomata.
Além destes, há quem procure o Consulado para pedir ajuda para ficar: "São pessoas que, mesmo com dificuldades agora, têm a perspetiva de que as coisas podem melhorar."
Quanto aos viajantes, referiu que as três representações consulares do Brasil em Portugal tinham também em final de abril um registo de cerca de 800 pessoas retidas em Portugal por causa do cancelamento de voos, já depois de os seis voos fretados pelo Estado brasileiro terem partido, cheios, com um total de 1.800 pessoas.
Dos 800 com passagens canceladas nem todos são turistas: "Há brasileiros que tinham passado uns meses em Portugal com família ou amigos, ou mesmo que residiam cá e tinham passagens marcadas para regressarem."
A maioria tinha viagem marcada para abril e maio e, à medida que recomeçarem os voos regulares, poderá regressar, mas alguns já não terão condições para tal.
O consulado-geral do Brasil anunciou hoje que o Estado brasileiro fretou mais um voo para repatriamento de cidadãos nacionais, que partirá na sexta-feira com destino a São Paulo, transportando pessoas retidas em Portugal por causa do cancelamento de voos e outras em situação limite de vulnerabilidade como consequência da pandemia de covid-19, revela um comunicado, no qual "desencoraja" a deslocação ao aeroporto de quem não tenha sido contactado para integrar a lista de passageiros deste voo.
A nota adianta que as autoridades brasileiras estão a trabalhar "para viabilizar um voo de repatriamento adicional, sempre em benefício dos nacionais brasileiros que se cadastraram previamente junto àquela repartição consular, bem como aos consulados-gerais no Porto e Faro".
Em 26 de abril, quando partiu o quinto dos seis voos fretados pelo Brasil à TAP, vários passageiros brasileiros ficaram sem lugar e organizaram um protesto frente à porta de entrada do aeroporto de Lisboa, que durou até à realização do sexto voo no final daquela semana.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 323 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.