Fracasso na Líbia "não exonera ninguém na comunidade internacional"
O presidente da Comissão da União Africana (UA), manifestou-se hoje "profundamente abalado" com o drama que se vive na Líbia, considerando que o fracasso na solução do conflito "não exonera ninguém" na comunidade internacional.
© Reuters
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"Na minha qualidade de presidente da Comissão da União Africana, cujo compromisso essencial é o de silenciar as armas neste continente, estou profundamente abalado com o espetáculo que um dos membros fundadores da OUA e o principal iniciador e arquiteto da União Africana, a Líbia, está a apresentar neste momento", disse Moussa Faki Mahamat, numa mensagem, a propósito do Dia de África, que hoje se assinala.
"O drama que se desenrola naquele país afeta-nos profundamente", acrescentou.
Para Moussa Faki Mahamat, o fracasso na resolução do conflito líbio "não exonera ninguém, nem nenhum segmento da comunidade internacional, cujas responsabilidades na continuação e mesmo no agravamento deste conflito são imensas".
África assinala hoje os 57 anos da criação da Organização da Unidade Africana (OUA) e o Dia de África.
Num balanço, sobre o percurso do continente durante este período, Moussa Faki Mahamat assinalou progressos, mas expressou também dúvidas.
"Cinquenta e sete anos depois deste ato fundador, África libertou-se da presença colonial e do apartheid, iniciou a sua unidade política e registou um grande progresso económico, social e cultural", disse.
Mas, acrescentou, tais progressos não podem esconder as deficiências e atrasos, por vezes, evidentes.
"Muitas questões ainda nos afligem. África tornou-se no continente de liberdade, paz, prosperidade e sucesso com que os pais fundadores sonhavam? Os africanos são mais unidos, mais solidários e mais realizados? África conquistou um lugar no cenário internacional à altura do seu imenso potencial e das suas legítimas ambições? O balanço de meio século de independência e liberdade do continente deixa-nos em dúvida" afirmou.
O presidente da Comissão da União Africana recordou que a maioria dos Estados africanos ainda está a lutar para garantir o bem-estar das suas populações, que setores vitais como a educação, a saúde e a segurança dependem, em grande medida, da ajuda externa.
"Das crises abertas geradas pelo terrorismo e pelos conflitos interétnicos ou inter-religiosos às crises pós-eleitorais, África oferece sempre, aqui e ali, cenas de violência, fragilidade e incerteza do dia seguinte", apontou.
Em maio de 1963, à medida que a luta pela independência do domínio colonial ganhava força, líderes de Estados africanos independentes e representantes de movimentos de libertação reuniram-se em Adis Abeba, na Etiópia, para formar uma frente unida na luta pela independência total do continente.
Da reunião saiu a carta que criaria a primeira instituição continental pós-independência de África, a Organização de Unidade Africana (OUA), antecessora da atual União Africana.
A OUA, que preconizava uma África unida, livre e responsável pelo seu próprio destino, foi estabelecida a 25 de maio de 1963, que seria também declarado o Dia de África.
Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana, que reafirmou os objetivos de "uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus cidadãos e representando uma força dinâmica na cena mundial".
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