"Em carta, a embaixada da ditadura chinesa recomendou o silêncio dos parlamentares brasileiros em relação à posse da Presidente de Taiwan. Uma afronta. Diz que não podemos nem felicitar a Presidente. Portanto, mesmo com atraso, felicito a Presidente Tsai Ing-wen pela posse", escreveu Paulo Eduardo Martins, numa mensagem na rede social Twitter, com uma foto da carta enviada pela embaixada chinesa.
Paulo Eduardo Martins, filiado ao Partido Social Cristão (PSC) é um aliado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. A sua mensagem sobre a carta recebeu apoio do deputado federal e filho do Presidente, Eduardo Bolsonaro, na mesma rede social.
A Lusa entrou em contacto com a assessoria de comunicação da presidência da Câmara dos Deputados do Brasil e confirmou a veracidade da carta enviada pela representação diplomática chinesa.
Na carta, o Governo de Pequim frisou que "em 20 de maio do ano corrente, realizar-se-á a cerimónia de posse de Tsai Ing-wen, líder local de Taiwan, China. Seria muito agradecido se a Câmara dos Deputados [câmara baixa parlamentar], no contexto de seu compromisso com o princípio de uma só China, pudesse tomar as medidas preventivas com vistas a conscientizar deputados da sensibilidade da questão Taiwan".
O texto pede que os parlamentares brasileiros evitem "gestos ou atitudes que possam prejudicar o princípio de uma só China, como participar da posse referida, mandar mensagens de felicitação às autoridades de Taiwan, ou manter contactos oficiais com estas".
Este não é o primeiro gesto crítico de parlamentares aliados do Governo brasileiro em relação à China.
Em março, Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para responsabilizar a China pela propagação da covid-19 no mundo.
Pouco tempo depois, o ministro da Educação do país sul-americano, Abraham Weintraub, publicou uma mensagem com alusões provocatórias sobre a forma como os chineses se expressam em português e acusou o país asiático de se beneficiar economicamente da pandemia.
No primeiro episódio, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, pediu uma retratação formal do Governo brasileiro e contra-atacou duramente dizendo que Eduardo Bolsonaro apanhou um "vírus mental" numa viagem que fez aos Estados Unidos da América.
Já o ministro da Educação brasileiro foi acusado de racismo pelas autoridades chinesas, facto que posteriormente motivou a abertura de um processo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra si no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Lusa tentou falar com a embaixada da China em Brasília, mas não conseguiu entrar em contacto.