Na terça-feira, Budapeste submeteu ao parlamento dois projetos-lei destinados a revogar os poderes concedidos em março ao primeiro-ministro nacionalista e que lhe premiem governar por decretos.
Estas propostas foram consideradas "inadequadas para dissipar os receios", afirmaram em comunicado comum três organizações não-governamentais (ONG): a Amnistia Internacional na Hungria, a União Húngara das Liberdades Civis e o Comité de Helsínquia na Hungria.
"A promessa de abolir [os poderes especiais concedidos no período de combate ao coronavírus] e o fim do estado de emergência não passam de uma ilusão de ótica", declararam.
Orbán, acusado de ter utilizado a crise sanitária para reforçar o seu poder, declarou que a utilização dos decretos lhe permitiu reagir rapidamente e eficazmente para conter a pandemia do coronavírus.
"Caso os projetos de lei sejam adotados na sua forma atual, o Governo poderá governar por decreto durante um período indeterminado, desta vez sem as mínimas proteções constitucionais", advertiram as três organizações.
A legislação de emergência adotada em 30 de março, considerada "ditatorial" pelos seus opositores, concedeu ao primeiro-ministro ultranacionalista o poder de governar por decreto até que o seu gabinete declare o fim da pandemia.
Diversos dos mais de 100 decretos publicados desde então restringiram os podres dos municípios e os seus meios financeiros para combater a pandemia.
Os poderes especiais concedidos a Viktor Orbán poderão terminar em 20 de junho em caso de aprovação dos projetos-lei pelo parlamento nas próximas semanas, segundo diversos responsáveis citados pela agência noticiosa AFP.
O país, com dez milhões de habitantes e membro da União Europeia, registou 3.793 casos do novo coronavírus e 505 mortos, segundo os números hoje divulgados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.