'Rai Matak' (Terras Verdes, em tétum) é uma iniciativa "inovadora e certificada a nível internacional que pretende apoiar o desenvolvimento da economia verde no país", segundo um comunicado enviado à Lusa.
"Esta iniciativa de economia verde reduzirá as emissões de carbono que conduzem às alterações climáticas, trará rendimentos aos agricultores timorenses, reflorestará áreas ambientalmente degradadas e ajudará as comunidades rurais a prosperar", explicou no lançamento da iniciativa, em Díli, o embaixador europeu Andrew Jacobs.
"A iniciativa é coerente com o Acordo Verde Europeu - a própria estratégia de crescimento da UE que dissocia o crescimento económico da utilização de recursos e visa a não-emissão líquida de gases com efeito de estufa até 2050", afirmou.
Kathy Richards, diretora nacional da Oxfam em Timor-Leste, recordou que a agricultura de carbono é vantajosa para todos em Timor-Leste.
"Tem potencial para aumentar o rendimento anual de um agricultor e facilitar o desenvolvimento económico local, além de trazer grandes benefícios para o solo e para o ambiente e melhorias na segurança alimentar", afirmou.
Com um orçamento de três milhões de dólares (2,68 milhões de euros), a iniciativa permitirá a agricultores de Timor-Leste plantarem e criarem florestas produtivas em terras desflorestadas.
Financiado no âmbito do programa Global Climate Change Alliance + (GCCA+), da UE, a iniciativa pretende apoiar comunidades rurais a adaptarem-se às realidades das alterações climáticas.
No caso de Timor-Leste, a iniciativa vai ser implementada pela Oxfam, em parceria com a Fundação Xpand e Ho Musan Ida, uma empresa social timorense sediada em Baguia, Baucau.
"O objetivo do programa é reforçar as economias das aldeias e combater a degradação ambiental através do vínculo da agroflorestação ao comércio de carbono certificado internacionalmente", refere o comunicado.
O programa baseia-se na experiência bem-sucedida da agricultura de carbono em Baguia, no Município de Baucau, que disponibiliza 'know-how' e financiamento às comunidades rurais interessadas que preencham determinados critérios em Timor-Leste.
Em concreto, prevê a plantação de 400.000 árvores, com uma captação de dióxido de carbono de até 400.000 toneladas, com um impacto económico direto em 2.000 agricultores e entre seis e 10 mil pessoas.
Os agricultores que participem no programa Rai Matak receberão um pagamento anual pela plantação e manutenção de árvores nas suas terras privadas.
"Isto ajudará a restaurar a biodiversidade e a remover o carbono da atmosfera", sublinha-se na nota.
O programa "Rai Matak" trabalhará com os agricultores para calcular o carbono armazenado pelas suas árvores e venderá o mesmo nos mercados internacionais.
Os pagamentos anuais aos agricultores de Timor-Leste pela plantação e manutenção de árvores reforçarão as economias locais e assegurarão o crescimento sustentável, aponta-se na nota.
Andrew Mahar, CEO da Fundação xpand, recordou que o Acordo de Paris sobre o Clima entra em vigor em novembro deste ano e o preço do carbono já está a ser tido em conta nos modelos empresariais e financeiros de muitos países e empresas.
"A agro-florestação comunitária em Timor-Leste pode aproveitar esta oportunidade de mercado", referiu.
O projeto vai também apoiar a criação de uma Fundação Nacional do Carbono em Timor.
Esta fundação vai trabalhar com o Governo, o setor não governamental e o setor privado em Timor-Leste "para construir um mercado seguro e robusto de agricultura de carbono, ajudando Timor-Leste a obter a Certificação Gold Standard das áreas florestais".
Leopoldina Guterres, responsável da Fundação Ho Musan Ida, explicou que os arboricultores de Baguia têm vindo há 10 anos a obter rendimentos da produção de carbono, querendo agora "apoiar outras comunidades em Timor-Leste a implementar o programa Rai Matak e a construir relações fortes, duradouras e positivas para beneficiar as gerações futuras".