Uma demissão, um despedimento e uma suspensão um dia após morte de negro

Morte de um jovem afroamericano durante um confronto com a polícia vem aprofundar as tensões numa altura em que os Estados Unidos enfrentam uma onda de descontentamento e protestos para com a violência policial. Há já, pelo menos, 36 detidos após a morte de Rayshard Brooks.

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Anabela Sousa Dantas
14/06/2020 09:05 ‧ 14/06/2020 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

Atlanta

Decorreu pouco mais de um dia depois da morte de Rayshard Brooks, de 27 anos de idade, ocorrida na sequência de um confronto com a polícia, à porta de um restaurante, mas foi o tempo suficiente para as autoridades da cidade de Atlanta, no estado norte-americano da Georgia, tomarem ações, num momento em que as tensões raciais nos Estados Unidos estão em ponto de ebulição.

A polícia divulgou, no sábado à noite, as identidades dos dois agentes envolvidos no incidente, que começou na sexta-feira à noite à porta de um restaurante. São eles Garrett Rolfe, que trabalhava no departamento de polícia de Atlanta desde 2013 e que foi despedido, e Devin Bronsan, que foi contratado em 2018 e foi colocado sob licença administrativa - uma suspensão parcial de funções.

Este anúncio surge pouco depois da demissão da chefe da polícia de Atlanta, Erika Shields, menos de 24 horas após o incidente. A presidente da câmara de Atlanta, Keisha Lance Bottoms, indicou no sábado que tinha toda a confiança em Shields, "no cargo há mais de duas décadas" e com "um carinho profundo e leal pelas pessoas da cidade", mas que esta decidiu pôr o cargo à disposição para abrir caminho para que Atlanta seja um exemplo de uma reforma definitiva no país.

"Embora possa existir algum debate sobre se esta foi uma utilização desadequada de força letal, acredito firmemente que há uma distinção clara entre aquilo que se pode fazer e aquilo que se deve fazer", disse a mayor, sublinhando não acreditar que tenha sido "um uso justificado de força letal" e indicando que pediu a exoneração imediata do agente.

Entretanto, reporta a CNN, pelo menos 36 pessoas foram detidas na cidade, depois de vários manifestantes terem voltado a sair à rua, obrigando as autoridades a usar gás pimenta e fechar uma autoestrada. O  restaurante em causa (Wendy's) foi incendiado.

Recorde-se que o diretor do Gabinete de Investigação da Georgia, Vic Reynolds, disse que o tiroteio aconteceu na sexta-feira à noite à porta de um restaurante e foi filmado pelas câmaras de segurança e por telemóveis de testemunhas. As imagens abaixo foram partilhadas pelo Gabinete e mostram o desenrolar dos acontecimentos, a partir de uma câmara do videovigilância do restaurante.

A polícia tinha sido chamada ao local devido a uma queixa de que um homem estava a dormir dentro de um carro num restaurante 'drive-thru' (comprar comida sem sair do carro). O homem baleado foi identificado como Rayshard Brooks, de 27 anos.

Segundo a polícia os vídeos mostram que o homem tentou lutar com os agentes quando o tentaram prender e que conseguiu tirar um 'taser' (arma que emite uma descarga elétrica) a um deles. Foi baleado quando estava a fugir e apontou o laser ao agente. 

Stacey Abrams, democrata georgiana, recorreu à rede social Twitter para comentar o caso, sublinhando que "um 'taser' não é um arma letal" e que "fugir não deve ser punível com morte".

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