"Passei de comediante a vendedor de linguiça", disse à Lusa Derrick DeMelo, um dos elementos do grupo, que viu todos os espetáculos de 2020 cancelados devido à pandemia.
"Quando notámos que as vendas estavam a subir, em março, decidimos focar-nos nisto e promover o negócio", afirmou o artista.
As receitas provenientes da loja permitiram ao grupo compensar o cancelamento das atividades humorísticas.
Segundo o luso-americano, que compõe o trio de comediantes com Brian Martins e Al Sardinha, "sem a 'Shop Portuguese' neste momento, os 'The Portuguese Kids' não continuariam a existir".
"Estou muito grato, porque provavelmente sem isto teríamos de fechar portas e abrir falência", disse.
Os produtos mais vendidos neste momento são bolos lêvedos, chouriço e linguiça e pastéis de nata congelados, sendo que o catálogo da 'Shop Portuguese' inclui várias outras categorias, desde 't-shirts' e aventais a canecas, livros e galos de Barcelos.
Derrick DeMelo considerou que o confinamento levou as pessoas a comprarem mais produtos online e a encontrarem a loja. "Tornou-se uma tendência e não me parece que vá abrandar muito", afirmou, sublinhando a importância de oferecerem portes gratuitos, algo que as outras lojas do mesmo segmento não fazem.
Abril e maio foram os meses com maiores subidas. A título de exemplo, DeMelo revelou que a loja está a vender cerca de 250 a 350 quilos de chouriço por mês e 100 a 200 pacotes de seis bolos lêvedos por semana.
"Não somos a Amazon e temos orgulho nisso, tudo o que vendemos é autêntico" afirmou.
"Não é comédia, mas também está no léxico do ser português. É tudo para promover Portugal como marca e o orgulho português", garantiu.
A Califórnia e a Flórida são dois dos estados de onde a loja recebe mais encomendas, mas DeMelo explicou que há pedidos vindos de todo o lado, mesmo de locais distantes no centro-oeste do país. "É incrível ver os sítios onde os portugueses vão parar", comentou.
No entanto, não são apenas lusodescendentes que procuram a comida e produtos típicos oferecidos pela loja: "O engraçado é que estamos a receber muitas encomendas de pessoas que não são portuguesas. Compram porque foram a Portugal, que se tornou num destino turístico tremendo", disse o artista.
"A popularidade de Portugal está a ajudar-nos deste lado", referiu.
O trio, originário de Massachussetts, está também a manter a ligação com a comunidade através de vídeos que são lançados todas as quintas-feiras e transmissões ao vivo às quartas e sextas. "É o melhor que podemos fazer agora pelos nossos fãs", afirmou o comediante.
Apesar de o processo de desconfinamento estar em curso nos Estados Unidos, o regresso dos espetáculos ao vivo com público ainda é uma incógnita. "Prefiro esperar até que seja totalmente seguro fazê-lo. Talvez não seja possível durante muito tempo", admitiu Derrick DeMelo.
Com o aumento do número de infeções em vários estados do país e a perspetiva de novas vagas no outono, a visão é cautelosa. "Não sabemos o que vai acontecer em 2021, pode demorar muito até voltarmos à estrada".
Até isso acontecer, o foco dos comediantes estará nos vídeos e na loja online, que lançaram como um negócio à parte para promover a identidade portuguesa.
"O que começou como uma brincadeira cresceu para algo que penso que se vai manter mesmo depois de os 'The Portuguese Kids' desaparecerem", considerou DeMelo.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.