Num comunicado, a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) referiu que as condições de insegurança para estes trabalhadores do setor da saúde incluem a falta de equipamento de proteção individual adequado para tratar com segurança pacientes suspeitos ou confirmados com covid-19 e impedir a propagação da doença.
"Em vez de ouvir e tentar resolver as preocupações legítimas dos trabalhadores da saúde sobre questões de segurança, empregadores e superiores adotaram medidas disciplinares ou até processaram os funcionários por se manifestarem", disse Hugh Williamson, diretor para Europa e Ásia Central da HRW, citado na nota.
A HRW refere igualmente que as promessas do Governo para resolver a falta de proteção não se materializaram totalmente, e que, por isso, os trabalhadores continuam a enfrentar riscos para a saúde, quando a transmissão do vírus na comunidade permanece alto.
"Os trabalhadores da saúde da linha de frente devem ser capazes de relatar as condições perigosas pelas quais sofrem sem serem ameaçados, demitidos ou processados", acrescentou ainda Williamson.
A HRW referiu que entrevistou 14 trabalhadores da saúde de 11 regiões, incluindo Moscovo e São Petersburgo, entre 15 de maio e 01 de junho de 2020, incluindo 11 mulheres.
Estes trabalhadores são pessoal médico, paramédicos, enfermeiros, além de um representante de um sindicato de trabalhadores da saúde e o chefe de uma organização de caridade que fornece equipamentos de proteção individual a hospitais.
No final de maio, o Ministério da Saúde da Rússia reconheceu pela primeira vez a morte de 101 profissionais de saúde desde o início da pandemia, embora outras fontes tenham apontado o número de mortos entre os médicos em mais de 300.
A situação levou muitos trabalhadores da saúde a deixarem os seus locais de trabalho, a protestar publicamente ou a supostos suicídios, sendo que três médicos caíram pela janela entre abril e maio.
A Rússia, que contabiliza 6.948 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e do Brasil, com mais de 528 mil.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
Em Portugal, morreram 1.517 pessoas das 36.690 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.