ONU retira coligação árabe no Iemen de lista negra e é criticada por ONG
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, retirou a coligação árabe em guerra no Iémen do seu relatório anual sobre as violações dos direitos das crianças, o que provocou críticas de várias organizações não-governamentais (ONG).
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"No Iémen, a coligação (liderada pela Arábia Saudita) vai ser retirada" do anexo ao relatório, divulgado na segunda-feira, que lista os Estados e grupos que violam os direitos das crianças, designadamente com mortes e mutilações.
Segundo o documento, tal fica a dever-se a "uma diminuição importante e sustentada (daqueles crimes) durante os ataques aéreos e à assinatura de um acordo-quadro em março de 2019".
A coligação árabe está a operar no Iémen desde 2015, para apoiar o governo contra milícias Houthis, apoiadas pelo Irão.
A ONG Human Rights Watch (HRW), em comunicado, denunciou "um nível novo de vergonha" com a decisão de retirar da lista a coligação liderada pelos sauditas.
Esta decisão ignora "as próprias provas da ONU sobre a continuação das violações graves contra as crianças" no Iémen, realçou a dirigente da HRW Jo Becker.
"O secretário-geral da ONU expõe as crianças a novos ataques e prejudica seriamente um mecanismo importante de responsabilização", considerou, por seu lado, outra ONG, a Watchlist on Children and Armed Conflict.
Esta entidade acusou mesmo a coligação árabe de responsabilidade na morte ou mutilação de 222 crianças no Iémen em 2019.
Em conferência de imprensa, a enviada de Guterres para as crianças e os conflitos armados, Virginia Gamba, assegurou que a ONU não tinha sofrido "qualquer pressão" da Arábia Saudita e que o relatório se baseava em "números".
Em 2019, a ONU registou 25 mil violações graves de direitos das crianças em situações de conflito, número similar ao do ano anterior.
Na sua revista de conflitos em todo o mundo, a ONU apontou, no documento, que "10.173 crianças foram mortas (4.019) ou mutiladas (6.154)", em 2019, apenas com referência a casos que a ONU pode confirmar.
"O Iémen, o Mali, a República Centro-Africana, Israel e o Estado da Palestina, bem como a Síria, conhecem as situações mais preocupantes", apontou-se no documento.
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