"Estamos a fazer os possíveis para que os espaços sejam o mais conveniente possível para as pessoas. Criámos as melhores condições possíveis para abrir um hospital de campanha", começou por dizer o responsável de saúde, na habitual conferência de imprensa, na cidade da Praia, para fazer o ponto de situação da doença no país.
O porta-voz do Ministério da Saúde fez o comentário no dia em que várias mulheres infetadas denunciaram, na imprensa cabo-verdiana, a falta de higiene e instalações sanitárias precárias no hospital de campanha montado no Estádio Nacional, na Praia.
Artur Correia considerou que, em termos de saúde, esses espaços improvisados há três meses têm funcionado de forma satisfatória e reconhecendo que o facto de pessoas lá estarem isoladas durante pelo menos 14 dias afeta o seu estado emocional.
Por isso, disse que "entende perfeitamente reclamações" e garantiu que as autoridades de saúde lhes dão devido valor.
"São as condições de uma epidemia, nós não estamos em condições normais, estamos numa situação de epidemia em que temos que gerir os doentes que estão nos espaços de isolamento, as pessoas em quarentena, que são dezenas e dezenas", mostrou.
Em todo o país, neste momento há 426 doentes ativos, a maioria na cidade da Praia, e 1.675 pessoas em quarentena nas diversas ilhas, ainda segundo o diretor nacional de saúde.
Artur Correia insistiu que o período que o país está a viver "não é a normalidade" e lembrou que "o Ministério da Saúde não é nenhuma empresa de hotelaria".
"Estamos a criar todas as condições possíveis para responder com rapidez possível nesse curto espaço de tempo e permitir que tenhamos um bom resultado na gestão da epidemia. É claro que nós desejaríamos melhores condições possíveis, mas neste momento são as condições que conseguimos criar", prosseguiu o porta-voz do Ministério da Saúde de Cabo Verde.
Também sublinhou que as pessoas nos isolamentos são de extratos sociais diferentes, pelo que as autoridades de saúde tentem manter um "nível médio", para não prejudicar muitas pessoas.
"Estamos a fazer todos os possíveis para que as pessoas que estejam em isolamento tenham uma melhor 'estadia' durante os 14 dias de internamento. É claro que pode haver falhas e estamos abertos a corrigir eventuais falhas que venham a acontecer", insistiu.
O país contabiliza um total acumulado de 823 casos, desde 19 de março, nas ilhas de Santiago (678), Sal (72), Boa Vista (57), São Vicente (10), Santo Antão (04) e São Nicolau (02).
Do total, registaram-se ainda sete mortes, dois doentes foram transferidos para os seus países e 388 foram dados hoje como recuperados, mais três do que o dia anterior, ainda segundo o diretor nacional de Saúde.
Em África, há 7.197 mortos confirmados em mais de 267 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 449 mil mortos e infetou mais de 8,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.